As ações da Boa Safra avançavam 5,66% até o meio da tarde desta sexta-feira, 20 de outubro, cotadas a cerca de R$ 13. No ano, os papéis acumulam alta de 27%. A empresa tem um valor de mercado estimado em R$ 1,5 bilhão.

No mercado de ações, os indicadores dão o retrato do momento, mas o cenário positivo para a principal produtora de sementes do Brasil deve se prolongar. Pelo menos na visão do BTG Pactual.

Em um relatório enviado à clientes nesta sexta – o primeiro produzido pela equipe do banco sobre a empresa –, a instituição recomendou a compra dos papéis.

A justificativa está em uma percepção positiva para o futuro da empresa e do setor de sementes. Considerando uma “rara combinação de crescimento”, o BTG Pactual enxerga potencial de alta para nas cotações dos papeis SOJA3 na Bolsa. Espera que, em doze meses, a ação passe dos R$ 12,30 atuais para R$ 19, uma valorização de 54%.

Essa perspectiva engloba tanto a possibilidade de os investidores do mercado financeiro iniciarem uma exposição à cadeia do agro no momento prévio à exploração agrícola em si.

“Isto oferece um maior potencial de crescimento, menor exposição às oscilações dos preços das matérias-primas e retornos mais elevados relativamente aos operadores de terra no geral. A Boa Safra atende a todos esses critérios”, destacaram os analistas Henrique Brustolin e Thiago Duarte, que assinam o relatório.

A companhia é líder na produção de sementes de soja no Brasil, com 8,2% do mercado em 2023, nos cálculos do BTG, e segundo os analistas, a trajetória da empresa, que começou lá em 2009, está “apenas começando”. Até 2027, a expectativa é que a empresa atinja um market share de 13,6%.

Um dos destaques apontados no relatório é o mercado de sementes em si, onde os analistas enxergam como a “única etapa da cadeia de valor do agro onde os processos tecnológicos foram alcançados ao longo das décadas, o que fez o preço das sementes ultrapassarem o preço dos grãos”.

Somando isso ao status que o Brasil possui de ser o maior fornecedor de soja do mundo, o BTG vê a Boa safra continuar a ganhar participação de mercado e acumulando ganhos.

“À medida que ganha escala em sementes de soja, acreditamos que a Boa Safra poderá aumentar seu valor estratégico. Nas sementes de milho, vemos espaço para mais, talvez até para aventurar-se em outras etapas da cadeia de valor”, completou o BTG. Para o milho, a expectativa do banco é que até 2027 a Boa Safra esteja presente nesse mercado.

A Boa Safra não atua incorporando a tecnologia nas sementes, mas o BTG ressalta que ela assume os riscos comerciais de selecionar as variedades para vender. “Um modelo de negócio diferenciado e com poucos ativos, focado na produção de sementes da cadeia de valor”.

Nas projeções do BTG, a receita, o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação) e o lucro líquido devem apresentar uma taxa de crescimento anual de 18%, 20% e 14%, respectivamente, daqui até 2027. “Mesmo com esse possível crescimento, as ações são negociadas com desconto frente outros papéis do setor”, pontuou o BTG.

Nas projeções operacionais, a Boa Safra deve saltar de uma produção de cerca de 240 mil big bags de soja em 2024 para 360 mil big bags, ou 9 milhões de sacas, até 2027. O investimento para tal, é na casa de R$ 3 mil por big bag, de acordo com o BTG.

“Estamos assumindo que as vendas de sementes tratadas crescerão e representarão 47% do volume de vendas da Boa Safra em 2027, ante 33% esperados este ano”, comentaram Brustolin e Duarte no relatório.

No milho, o BTG incorporou no relatório o plano da empresa de atingir 132 mil big bags, algo em torno de 3,3 milhões de sacas, até 2027. “Assumimos receitas de R$ 70 por saca neste ano e esperamos que isso cresça em linha com a inflação que vem pela frente”.

O investimento necessário para expandir a capacidade de produção dos atuais 52 mil big bags para 132 mil big bags também está previsto em R$ 3 mil por big bag.