Diante de um cenário considerado “complexo” no mercado de celulose, a Suzano, gigante do setor, informou nesta segunda-feira, 5 de junho, reduzirá em 4% sua produção da commodity neste ano.

Em um comunicado arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a companhia disse que tomou a decisão pois avaliou que o volume “não traria retorno adequado para a empresa no momento atual do mercado”.

Em um comunicado enviado ao mercado, a Ativa Investimentos pontuou que já esperava alguma medida nesse sentido ao avaliar o preço da celulose.

Para se ter uma ideia, no quarto trimestre do ano passado, a celulose era cotada a US$ 826 por tonelada. Ao fim do primeiro trimestre deste ano, o produto era avaliado a cerca de US$ 720 por tonelada.

“Vemos ainda que a companhia está correta em promover tal ajuste, sobretudo diante da grande colocação de oferta por parte dos seus pares na América Latina”, avaliou a Ativa Investimentos.

Apesar disso, a corretora mantém uma posição neutra em relação às ações da Suzano, ao avaliar que o cenário de preços baixos ainda irá continuar.

Na opinião de Leonardo Correa, analista do BTG Pactual em um relatório enviado a clientes do banco, a Suzano tomou uma decisão racional frente ao cenário de preços considerados “insustentavelmente baixos”.

Além disso, Correa pontuou que a medida pode impactar o mercado, e fazer empresas considerarem as estratégias recentes de redução de estoques e passarem a construir estoques em níveis mais baixos.

Ao mesmo tempo em que projeta uma baixa na produção, a Suzano segue firme no cronograma do Projeto Cerrado, a nova planta de produção de celulose no município de Ribas do Rio Pardo, Mato Grosso do Sul.

Essa nova instalação deve trazer para a Suzano um aumento de 20% em sua produção com o projeto concluído, trazendo um acréscimo de 2,55 milhões de toneladas de celulose de eucalipto com a planta em pleno funcionamento ao final de 2024.

Em termos financeiros, o investimento se encontra na casa dos R$ 22 bilhões, com R$ 15,9 bilhões referentes ao investimento de capital industrial e R$ 6,3 bilhões relativos a investimentos florestais e logísticos.

Em termos de infraestrutura, a companhia disse que 57% das instalações estão concluídas no final do primeiro trimestre.

Com isso, a Ativa espera que a redução na produção aconteça em fábricas menos eficientes, abrindo espaço para o novo projeto brilhar.

Tanto em 2022 quanto em 2021, a Suzano vendeu cerca de 10,6 milhões de toneladas ao longo dos 12 meses de cada período. No primeiro trimestre deste ano, manteve sua média, e vendeu 2,4 milhões de toneladas.

A capacidade instalada da Suzano destinada à produção de celulose de mercado era de 10,9 milhões de toneladas por ano no final do ano passado, o que faz a empresa ser a maior do mundo em termos de produção.

Na B3, as ações de empresas do setor de papel e celulose subiam em bloco nesta segunda após o anúncio, mas sem muito ímpeto. No início da tarde, enquanto a ação da Suzano (SUZB3) subia 0,51% e a Klabin (KLBN11) se valorizava 0,46%.