Nascida a partir da empreitada da Cotrijal, Cotripal e Cotrisal para construção de um complexo indústrial de produção de biodiesel, a Soli3 deve ser o embrião para a fusão, no futuro, das três tradicionais cooperativas gaúchas.

“É uma tendência muito forte”, afirmou ao AgFeed o presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, ao ser indagado sobre uma possível megacooperativa gaúcha. Juntas, as três cooperativas reúnem 35 mil produtores, geram 7,5 mil empregos em 100 municípios e faturaram R$ 10,7 bilhões em 2024.

Com a Soli3, as cooperativas vão investir R$ 1,25 bilhão para a construção, a partir de janeiro, de um complexo industrial para a produção de biodiesel de soja e derivados no município de Cruz Alta (RS), cuja operação deve iniciar em 2028. A projeção é de um faturamento anual de R$ 2,2 bilhões.

O empreendimento deve gerar 150 empregos diretos e 500 indiretos e deve ofertar 192 mil toneladas a partir do processamento de 1 milhão de toneladas de soja por ano, além de 729 mil toneladas de farelo de soja, 19,8 mil toneladas de glicerina e 59,4 mil toneladas de casca de soja.

Segundo Mânica, paralelamente as cooperativas já discutem a utilização da Soli3 como marca única na rede de supermercados que possuem, além da criação de uma gestão compartilhada para centralizar compras e vendas.

A Cotrijal possui 15 supermercados e um atacado, a Cotripal tem oito supermercados e a Cotrisal possui 16 supermercados e um atacado.

“Dentro da intercooperação, além do projeto industrial estamos discutindo negócios onde temos sobreposição. Daí, agregamos valor, reduzimos custos, centralizamos compras e vendas. É um desafio cultural que a gente vai implementar e unificar o nome”, afirmou Mânica.

De acordo com ele, a ideia de uma marca única para supermercados de todas as cooperativas gaúchas chegou a ser proposta no passado, mas não vingou. “A ideia, a partir da experiência francesa, era ter uma marca única e manter a gestão com cada cooperativa, mas não foi adiante”, disse.

De volta ao complexo industrial para a produção de biodiesel, a unidade de Cruz Alta nascerá projetada para dobrar de tamanho no futuro. A obra prevê também a construção de um braço ferroviário em parceria com a Rumo para o escoamento da produção.

A companhia têm a concessão de toda a Malha Sul, com uma extensão de cerca de 7.223 quilômetros que ligam Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

A concessão vai até 2027, mas a Rumo negocia junto ao Ministério dos Transportes a reformulação da Malha Sul, incluindo a entrega de vários trechos de ferrovias no Rio Grande do Sul.

A companhia quer se desfazer de trechos inutilizados após a enchente de maio do ano passado, que afetou 759 quilômetros de ferrovias de um total de 1.680 quilômetros operacionais.

A ideia da Rumo seria ficar justamente com a ferrovia entre Cruz Alta e o porto de Rio Grande. Segundo Manica, 60% do biocombustível será exportado pelo porto de Rio Grande e 40% será escoado no mercado interno.

“A Soli3, indústria em que as proprietárias são as três cooperativas, já é um projeto consolidado. Estamos sonhando em ser a Soli3 Cooperativa de Produção e se você não sonhar e não começar, não faz”, concluiu o presidente da Cotrijal.

Resumo

  • Criada pelas cooperativas Cotrijal, Cotripal e Cotrisal para atuar no setor de biodiesel, a marca Soli3 pode evoluir para uma megacooperativa unificada
  • Juntas, as três cooperativas reúnem 35 mil produtores e R$ 10,7 bilhões de faturamento conjunto em 2024
  • Cooperativas já discutem unificação da marca para os supermercados das cooperativas, que centralizariam compras para reduzir custos