Enquanto o presidente Donald Trump alardeia que fará os chineses comprarem quatro vezes mais soja dos Estados Unidos nos próximos meses, os produtores do seu país – grande parte deles integrantes de seu eleitorado cativo – encaram uma realidade bem diferente.
Prestes a iniciar a colheita de sua nova safra, eles estão preocupados com o fato de, até agora, não terem feito nenhuma venda antecipada ao seu principal cliente, a China.
Em anos anteriores, em média, os chineses a essa altura já tinham fechado, em média, 14% das suas encomendas de soja americana.
Por conta disso, os produtores resolvceram partir para a pressão – se é que isso funciona com Trump. Nesta terça-feira, 19 de agosto, eles enviaram ao presidente uma carta em que afirmam estar à beira de um “precipício financeiro”.
O empurrão que faltaria para uma queda seria, segundo eles, o prolongamento de uma disputa comercial com os chineses.
“Os produtores de soja dos EUA não podem sobreviver a uma disputa comercial prolongada com nosso maior cliente”, diz o documento, assinado por Caleb Ragland, presidente da Associação Americana de Soja, segundo informa a Bloomberg.
“Os produtores de soja estão sob extrema pressão financeira. Os preços continuam caindo e, ao mesmo tempo, nossos produtores estão pagando significativamente mais por insumos e equipamentos.”
Na carta, os agricultores pedem pressa a Trump na solução do contencioso comercial com a China, com a redução de tarifaz e, se possível, ao governo que chegasse a um acordo com a China para remover tarifas e, se possível, a inclusão de um mecanismo em que o país oriental se comprometa a fazer mais compras de soja nos EUA.
“Quanto mais nos aprofundamos no outono sem chegar a um acordo com a China sobre a soja, piores serão os impactos”, prossegue o texto.
Segundo a associação, além da retração do apetite chinês, as tarifas de Trump trazem um aumento de custo para o setor, fazendo com que as commodities americanas tornem-se menos competitivos do que os de com correntes como o Brasil
As vendas dos EUA para outros países não conseguiram compensar a diferença, disse Ragland, acrescentando que as tarifas estão tornando os suprimentos dos EUA menos competitivos do que os do rival Brasil.
“Enquanto você e sua equipe negociam com a China, pedimos que priorizem a soja”, dizem os produtores. A Casa Branca não se manifestou de imediato em relação ao documento.
Resumo
- Produtores de soja dos EUA enviaram uma carta a Donald Trump alertando que estão à beira de um “precipício financeiro”
- Os agricultores pedem urgência na resolução do conflito comercial com a China, com remoção de tarifas e um acordo que garanta compras chinesas
- Assinada pela Associação Americana de Soja, carta destaca aumento nos custos de produção e a perda de competitividade frente a países como Brasil