Será que um pequeno produtor rural do Sudeste, com um trator que roda há mais de 30 anos, pode usar o que há de mais moderno em termos de agricultura digital? Por mais improvável que isso pareça, na Coopercitrus isso é possível, garantiu o CEO Fernando Degobbi, durante a participação no AgLíderes, o videocast do AgFeed.

A criação do ecossistema Campo Digital, que viabiliza a oferta e o teste de novas tecnologias no campo entre seus médios e pequenos produtores associados, é um dos pilares da estratégia do executivo, que lidera a Coopercitrus desde 2018.

Dar suporte também em frentes como serviços financeiros e apoio na gestão é outra aposta recente, com o lançamento da fintech da Coopercitrus.

Degobbi calcula que a demanda de crédito dos seus 42 mil associados para compra de insumos e investimentos em máquinas agrícolas totalize entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões.

A estratégia bem definida poderia ter sido afetada pela recente “crise” tão comentada no agro, que envolve aperto nas margens de revendedores de insumos (80% do faturamento da Coopercitrus vem deste segmento) e recuperações judiciais dos produtores rurais.

Mas não foi isso que aconteceu. Ao contrário, em meio a casos como a RJ da Agrogalaxy, a Coopercitrus recuperou funcionários no quadro e também clientes que passaram a preferir fazer negócios com os canais tradicionais.

Neste cenário, a maior cooperativa em número de associados do País espera alcançar pelo menos R$ 9 bilhões de faturamento este ano, retomando um patamar recorde que só conquistou em 2022, na época em que houve a disparada nos preços dos insumos e das commodities agrícolas.

Neste episódio do AgLíderes, Fernando Degobbi fala sobre a história da cooperativa, que está completando 50 anos, trata das incertezas internacionais com o tarifaço de Donald Trump e também sobre os planos de investimento que abrangem maior presença no Centro-Oeste.

Conforme adiantou o AgFeed no ano passado, a Coopercitrus, por meio da Tello - uma parceria com gigantes como a Amaggi, a Tecnobeef, do Grupo Campanelli, a Viola Participações, do ex-CEO da UPL Carlos Pellicer, e a Souza e Lucas Participações, da mesma família que controla a empresa de fertilizantes AgroCP -, está inaugurando este mês uma fábrica de fertilizantes no interior de São Paulo e terá outra igual, num futuro próximo, em Mato Grosso. Os investimentos na primeira fábrica são de R$ 120 milhões.

A previsão é seguir crescendo de forma equilibrada, “aproveitando sinergias”, disse ele. O aumento nas vendas de fertilizantes este ano e a baixa inadimplência (a cooperativa só trabalha com proprietários de terras, não com arrendatários) estão entre os diferenciais para lidar com os desafios do momento.

Confira o episódio na íntegra, acessando os canais do AgFeed nas plataformas YouTube ou Spotify, para mais detalhes sobre estes e outros assuntos.

Resumo

  • Fernando Degobbi, CEO da Coopercitrus, aponta que, apesar da crise em alguns segmentos do agro, cooperativa mantém crescimento de 15% ao ano
  • Uma das frentes de expansão é a distribuição de insumos, em que ocupou espaço deixados pelas dificuldades em redes como a AgroGalaxy
  • Cooperativa também diversificou atuação e criou fintech para apoiar associados na busca por crédito. Demanda chega R$ 5 bilhões por ano