Filho de pequenos produtores do interior do Rio Grande do Sul e com uma carreira de mais de 30 anos dedicada à produção agrícola, o engenheiro agrônomo Aurélio Pavinato mantém uma visão otimista sobre o futuro do setor, mesmo em momentos mais desafiadores.
“Costumo dizer que a demanda (futura) já está contratada”, afirma o CEO da SLC Agrícola, gigante da produção de commodities no País, com 26 fazendas, que desde 2007 é listada na bolsa de valores.
Pavinato se refere ao projeto “de longo prazo” da SLC baseado na crença de que o aumento populacional no planeta seguirá demandando mais grãos e fibras, sendo o Brasil o mais competitivo no segmento, se comparado a seus principais concorrentes.
Em mais um episódio do videocast AgLíderes, ele conta os detalhes de sua carreira e da trajetória da SLC, admitindo que nos próximos “30 ou 50 anos”, não será mais possível manter o ritmo de crescimento tão intenso quanto o que foi visto nas últimas três décadas, mas ainda com grandes possibilidades, especialmente no que se refere à transição energética.
Em relação ao momento atual da companhia, Aurélio Pavinato reafirmou a projeção de seguir crescendo em 2026.
“Como estamos crescendo em área plantada quase 14% agora em 2025/2026, então em 2026 a gente vai crescer o faturamento mais ou menos nessa mesma proporção”, disse ele, na entrevista exclusiva.
O CEO admite, no entanto, que 2024 e 2025 foram anos de margens pressionadas, cenário que deverá persistir em 2026, especialmente em função dos preços ainda baixos e dos custos elevados.
Ele garante que a SLC está segura em relação a suas projeções sobre a produtividade esperada para as lavouras, que levam em conta, por exemplo, um La Niña de fraca intensidade, com expectativa de poucas perdas nos oito estados em que a empresa atua.
“Os preços (das commodities agrícolas) no mercado internacional não estão remunerando bem o produtor em nenhum lugar no mundo: o americano está com margem apertada, o argentino está com margem apertada, o brasileiro, no geral, está com margem apertada. Para nós, as margens que estamos obtendo atualmente, na nossa avaliação, são margens adequadas ao cenário que estamos vivendo. Dentro de uma lógica que logo ali na frente haverá recuperação nos preços, os preços deverão voltar a subir”, avaliou.
Pavinato destacou que esse cenário, por outro lado, até favoreceu a estratégia de investimentos da empresa.
A SLC saiu de uma área de 650 mil hectares para 830 mil hectares nos últimos dois anos, baseada no avanço em áreas arrendadas.
“Os números mostram que é favorável fazer esse investimento. O nosso crescimento não é linear. O racional é o crescimento contra-cíclico. Nos anos de euforia, é melhor não crescer. Nos anos de maior dificuldade, a máquina e o calcário, por exemplo, ficam com preço menor, mas a gente faz isso sempre dentro de uma alavancagem aceitável”, explicou.
Sobre a chance de seguir avançando com novas áreas nesse modelo, o CEO respondeu “que vai depender da oportunidade e do cenário econômico”, frisando que o momento é de mais cautela. “O juro continua alto e a despesa financeira acaba afetando a margem do negócio”.
Ainda assim, Pavinato lembrou que a empresa segue investindo, como no projeto anunciado no mês passado com previsão de aporte de mais de R$ 900 milhões para ampliar áreas irrigadas na Bahia.
Na entrevista a seguir, o CEO da SLC fala ainda de temas como a expectativa de mais receita a partir de créditos de carbono nos próximos dois anos, atualiza a estratégia da empresa para seguir substituindo químicos por biológicos e avalia o impacto das recuperações judiciais no agro para as empresas do setor.
Confira o episódio completo do AgLíderes, com Aurélio Pavinato, nas plataformas YouTube e Spotify.