Fazer “igual a todo mundo” não é uma opção para a gaúcha 3tentos, nem hoje, nem na criação da empresa e nem nos planos futuros.
Os fundadores da companhia de insumos, trading e processamento de grãos, os irmãos João Marcelo e Luiz Osório Dumoncel são descendentes de uma família de franceses. É uma exceção em meio a tantos imigrantes italianos e alemães que fizeram história no Rio Grande do Sul.
O avô de João Marcelo não era um pequeno agricultor em busca de mais terras. Ele se destacou como tropeiro, criava mulas do Sul para vender nos cafezais em São Paulo, mostrando a mesma disposição gaúcha de desbravar fronteiras, mas buscando um “nicho” de mercado.
Essas são algumas histórias que descobrimos ao receber no AgLíderes, o videocast do AgFeed, o atual CEO da 3tentos, João Marcelo Dumoncel.
A empresa vem se destacando pelo crescimento consistente, de cerca de 30% ao ano, que não deixou de acontecer nem quando os preços das commodities baixaram e os produtores tiveram queda na rentabilidade.
Mais uma prova de que buscou, de novo, fazer diferente, apostando na diversificação do negócio e na relação muito estreita com o produtor, capaz de atenuar os efeitos na inadimplência.
O grupo começou durante a chegada das primeiras sementes de soja transgênica no Brasil, expandiu para a venda de outros insumos, originação de grãos e partiu para o setor industrial, com esmagamento de soja e, depois, produção de biodiesel.
O grande salto foi com o IPO, em 2021. A partir dali, começou a intensificar os planos de expansão geográfica, fincando bandeira no líder do agronegócio brasileiro, o estado de Mato Grosso.
Atualmente são 59 lojas no Rio Grande do Sul e 13 em Mato Grosso. Três indústrias de soja e biodiesel (duas no RS) e uma planta de etanol de milho, que já está com 85% das obras concluídas em Mato Grosso.
Na conversa com o AgLíderes, o CEO deu mais detalhes sobre o plano anunciado no 3tentos Day, há duas semanas, que inclui a “aspiração” de atingir uma receita de R$ 50 bilhões em 2030.
Para chegar lá, a meta é chegar a um total de 100 lojas no período e seguir avançando na produção de biodiesel e etanol.
Dumoncel destacou que os investimentos iniciados em 2024 e que prosseguem pelos próximos cinco anos totalizam R$ 3,35 bilhões.
A última onda, anunciada no início do ano passado, era de R$ 2,2 bilhões. O executivo disse que, deste total, até o fim de 2025 já terão sido aportados R$ 1,8 bilhão.
O próximo passo confirmado recentemente é o investimento de R$ 1,15 bilhão para dar andamento a um projeto de etanol de milho em Redenção, no estado do Pará.
Embora o início das operações da indústria no Pará esteja previsto somente para 2027, o plano é já chegar antes na região com venda de insumos e originação de grãos.
Neste cenário, ele acredita que 2026 será melhor do que este ano, para o mercado e para a empresa.
Entre os destaques está o início das operações da usina de etanol de milho previsto para o primeiro trimestre de 2026, mas também a expansão no biodiesel.
“Nós estaremos com uma capacidade aumentada no crush de soja em 2026 em torno de 50% a mais do que foi a média desse ano e no biodiesel vamos estar com 60% a mais de capacidade”, ressaltou. “Costumo dizer que é um crescimento contratado”.
O otimismo também leva em conta a perspectiva de aumentar as exportações pelo Arco Norte. A 3tentos foi responsável pela primeira exportação de farelo de soja pela região e nesta safra deve contabilizar 250 mil toneladas exportadas por lá.
Com base na produção prevista da indústria em Mato Grosso, Dumoncel calcula que agora será possível duplicar esse volume, com 500 mil toneladas de farelo de soja exportadas.
Uma série de acordos com parceiros também pretendem potencializar a logística do etanol e do DDG que serão produzidos nas novas unidades.
Com tantos planos será que a 3tentos vai conseguir manter o ritmo de 30% de crescimento ao ano? A resposta desta e de outras perguntas sobre o futuro da empresa você confere em mais um episódio do AgLíderes. Assista na íntegra nos canais do AgFeed nas plataformas YouTube e Spotify.