A BRF informou ao mercado na manhã desta quarta-feira, 31 de maio, que a Marfrig e o Salic (Saudi Agricultural and Livestock Investment Company), fundo soberano da Arábia Saudita, se comprometeram a investir num possível aumento de capital mesma, num investimento que poderia bater os R$ 4,5 bilhões.
Pelos termos do acordo, o fundo e a Marfrig subscreveriam até 250 milhões de ações cada, por um preço de R$ 9 por papel até o final deste ano.
No último pregão, cada ação da BRF encerrou as negociações cotada a R$ 7,27, o que traria um prêmio de 24% frente o valor que a Marfrig e o Salic pretendem pagar.
Na avaliação de Hugo Queiroz, sócio da L4 Capital, a operação pode resolver um problema de fluxo de caixa da BRF, além de fortalecer a entrada no mercado oriental com a ajuda da Salic.
O conselho de administração da BRF já acionou assessores financeiros e convocou uma assembleia geral extraordinária para prosseguir com o tema e deliberar sobre o aumento.
Nesse contexto, há também a intenção de aprovar a exclusão da chamada poison pill do estatuto da BRF.
A norma prevê que qualquer aumento de participação que ultrapasse os 33% de controle, torna o acionista obrigado a realizar uma proposta para comprar todas as outras ações nas mesmas condições. Caso essa exclusão ocorra, a Marfrig não será obrigada a desembolsar nada além do previsto.
Queiroz, da L4 Capital, ainda destaca que provavelmente será criado um bloco de controle envolvendo a Marfrig e o fundo saudita, e vê com bons olhos a iniciativa. “Com essa ação, a BRF poderá progredir de uma maneira mais efetiva”, afirma.
Atualmente, a Marfrig possui 33,27% do capital da BRF, com cerca de 360 milhões de ações em sua posse. Com a compra das 250 milhões de ações propostas, a Marfrig pode atingir 38% do negócio.
Com a notícia, as ações da BRF disparavam no início do pregão desta quarta. Por volta das 10h20, o papel da dona da Sadia subia mais de 14%, cotado a R$ 8,20. Já a ação da Marfrig avançava cerca de 5%, cotada a R$ 6,58.
A Marfrig, também em comunicado enviado ao mercado, afirmou que seu conselho de administração aprovou, de forma preliminar, a realização de um futuro aumento de capital privado, com emissão de, no mínimo, 240 milhões de novas ações e, no máximo, 360 milhões de novos papéis.
O preço de cada seria de R$ 6,25 por ação, equivalente ao preço de fechamento da véspera.
Nesse movimento, o acionista controlador da Marfrig, a MMS Participações, se comprometeu a investir no mínimo em 240 milhões de novas ações da Marfrig.