O empresário rural Eraí Maggi Scheffer, dono do bilionário Grupo Bom Futuro, sempre foi lembrado como o maior produtor individual de soja do mundo e como alguém que. como outros gaúchos que chegaram ao Mato Grosso na década de 1970, conseguiu construir do zero uma gigante do agronegócio.

Nesta sexta-feira, 30 de maio, o Bom Futuro apresentou ao mercado mais uma de suas ousadias: a imauguração, em Cuiabá do novo Terminal de Aviação Executiva Luzia Maggi Scheffer, “considerado o mais moderno do Centro-Oeste”, segundo a empresa, e que leva o nome da mãe de Eraí, como uma homenagem.

O visual impressiona. O AgFeed participou de uma visita ao terminal, com ambientes modernos, escadarias luxuosas e diferentes ambientes para reuniões, networking e áreas de descanso, tanto para os executivos quanto para os pilotos. As comodidades vão de cafeteria, sala de conferência, salas de reuniões, brinquedotecas, até academia e sala de cinema.

Um dos entusiastas do novo aeroporto, que acabou o projeto de perto, desde que foi desenhado, há 5 anos, é um dos filhos de Eraí Maggi, o atual diretor da Bom Futuro, Kleverson Scheffer. Segundo ele, o grupo investiu, desde a compra do terreno, cerca de R$ 100 milhões no projeto. Apenas o novo terminal custou R$ 25 milhçoes, segundo apresentação da empresa a convidados.

“Em 2011, quando a gente resolveu que ia mudar a sede da empresa de Rondonópolis para Cuiabá, o pessoal ficou assim, a gente vai para a capital, mas a gente não sabe andar direito, não quer ficar lá no trânsito. Então, a gente começou com a ideia de fazer uma pista aqui para ficar mais fácil para ir para as fazendas”, contou Kleverson em entrevista exclusiva ao AgFeed.

Ele tinha 10 anos de idade quando andou de avião pela primeira vez. Era uma pequena aeronave que foi pilotada pelo próprio Eraí, junto com outros familiares, para ir conhecer uma fazenda em Campo Novo (MT), terras que até hoje são arrendadas pelo grupo.

Agora, Kleverson diz que o foco é no futuro do estado e no crescimento do agronegócio. A capital de Mato Grosso é atendida pelo seu aeroporto principal, que fica na cidade vizinha de Várzea Grande. O empresário acredita que a região onde está instalado o terminal da Bom Futuro tende a se desenvolver mais, podendo servir como uma alternativa de aeroporto para Cuiabá.

“A gente entende que num futuro isso aqui possa ter grande quantidade de shoppings, hospitais, enfim, mais recursos, as próximas gerações nos seus negócios, nesse desenvolvimento do agro. Então, a gente acredita que sim, esse aeroporto vai facilitar isso, vai ter essa integração maior”.

Hoje a Bom Futuro tem mais de 40 fazendas, que totalizam cerca de 1 milhão de hectares, sendo 300 mil hectares somente de área de preservação. Nos cultivos agrícolas são 650 mil hectares, entre primeira e segunda safra.

A empresa evita divulgar detalhes sobre faturamento, mas o AgFeed apurou que o valor teria ultrapassado R$ 6 bilhões em 2024. O negócio hoje envolve não apenas agricultura, mas também outras atividades, como setor elétrico, sementes e até mesmo, agora, a operação de um aeroporto executivo.

Rumo ao “Catarina” e voos comerciais

No modelo atual, o aeroporto da Bom Futuro está fazendo em média 6 mil voos por ano. São cerca de 40 operações diárias, sendo 10% disso com passageiros e aviões da própria companhia - outros grupos locais, como o Amaggi, também usam a estrutura.

Como a demanda vem crescendo rapidamente, com o avanço de grandes empresas, procura de produtores rurais pelos aviões, incluindo a presença cada vez mais forte do mercado financeiro em Mato Grosso, é possível que o projeto siga em expansão.

Kleverson Scheffer revelou ao AgFeed que o plano é, futuramente, ter autorização para que a o terminal possa operar voos comerciais regionais e, também, voos internacionais.

“A gente tem a intenção de buscar, assim como o primeiro que teve aqui no Brasil, acho que o único ainda, aeroporto privado que é internacional, lá em São Paulo, o aeroporto Catarina, é uma referência. Eles fizeram um grande investimento lá e eles conseguiram isso, a internacionalização. A gente tem olhado algumas coisas também nesse sentido, acreditamos que sim, que é possível”, afirmou, referindo-se ao empreendimento construído próximo a São Paulo pelo grupo JHSF.

A pista do aeroporto atual da Bom Futuro tem 1.557 metros de comprimento e 30 metros de largura e está apta a receber até mesmo aviões como o Embraer 195, usado em voos comerciais de companhias aéreas como a Azul. São 20 mil passageiros por ano.

Antes do novo terminal, os executivos da Bom Futuro descrevem o antigo aeroporto como “um hangar” ou “um contêiner”. Agora são 70 aeronaves no hangar, todas executivas, de diferentes modelos. Especialistas em aviação presentes à visita estimaram que o patrimônio que costuma “pernoitar” neste hangar seria superior a US$ 100 milhões.

Scheffer também comentou sobre o possível início de voos comerciais regionais: “Precisa entrar na parte técnica, que exige regulamentação para isso, e precisa trabalhar isso com os órgãos. A gente entende que uma aviação talvez mais regionalizada, aviões de um porte específico, que possa ter essa funcionalidade, para o turismo aqui nessa região da Baixada”.

Segundo ele, também haverá investimentos para ampliar a oferta de serviços de manutenção de aeronaves no terminal, especialmente para aviação agrícola, que muitas vezes depende de serviços em outros estados.

Nesta sexta-feira e também no sábado, o evento da Bom Futuro no terminal não se restringe a inauguração. Está sendo realizada uma feira de aviação executiva, chamada de Aviation Experience.

As principais empresas envolvidas no setor e diferentes parceiros da empresa, além de diversos produtores rurais, participam do evento.

Diferentes modelos de aeronaves e helicópteros estão sendo expostos, mas o principal objetivo da Bom Futuro, segundo seus executivos, é incentivar o networking e fomentar novos negócios para o estado.

A expectativa da empresa é contabilizar cerca de 500 visitantes por dia, com expositores como Embraer, Cessna, Pilatus, Falcon, Beechcraft, Piper, Thrush, Epic Aircraft, TBM, Cirrus, Kodiak, Robinson, entre outros.

Resumo

  • Um dos maiores grupos agrícolas do País, o Bom Futuro, de Eraí Scheffer, investiu R$ 100 milhões na construção de um novo aeroporto executivo em Cuiabá
  • Segundo Kleverson Scheffer, filho de Eraí, empresa pensa em trazer para o terminal voos regionais e, futuramente, até internacionais
  • Grupo Bom Futuro tem mais de 40 fazendas, que totalizam cerca de 1 milhão de hectares, e faturamento estimado em R$ 6 bilhões

Kleverson Scheffer, filho de Eraí e diretor do Bom futuro: sonho antigo

Visão externa do novo aeroporto

Aviões no páteo do aeroporto: mais de 40 operações diárias

Visão interna do terminal

Estrutura tem salas de reuniões, espaço para descanso de executivos e pilotos e até cinema

Espaço foi inspirado no Catarina, aeroporto do grupo JHSF em São Paulo