A XP bem que avisou. Depois de cerca de um ano andando de lado e perdendo espaço para FIDCs, os Fiagros podem voltar a brilhar na carteira dos investidores com novas emissões.
Era final de agosto quando José Tibães, head da Plataforma de Fundos da XP, avaliava que o mercado de Fiagros poderia ter uma "segunda pernada" nos próximos meses. Agora, no começo de outubro, a plataforma da corretora voltou a distribuir um fundo do tipo depois de meses sem movimentação.
A responsável por testar a temperatura dos investidores foi a Riza Asset, casa com R$ 16 bilhões sob gestão, sendo R$ 4 bilhões alocados no setor agro, que lançou um novo Fiagro focado no mercado de terras agrícolas.
Batizado de Terrax Vintage, o fundo foi ao mercado e captou precisamente R$ 408,6 milhões com investidores. A estratégia do veículo é “sale and leaseback”, onde compra a terra e arrenda para o mesmo produtor que vendeu.
Dessa forma, a empresa desalavanca o produtor em um tempo de juros altos e inadimplências no setor, ao mesmo tempo que se torna a dona da terra.
"A estrutura simula um crédito através do equity da terra. Compramos essa área com desconto, fazemos o arrendamento com opção de compra", explicou o sócio da Riza Asset, Paulo Mesquita, durante um evento que participou em agosto deste ano.
A oferta do Terrax Vintage atraiu cerca de 9 mil investidores pessoas físicas, somando cerca de R$ 398 milhões do total do fundo. O restante foi alocado por investidores pessoa jurídica e entes ligados ao emissor ou instituições financeiras que participaram da oferta.
No prospecto definitivo do fundo, a Riza informou que a meta é entregar um retorno sobre as operações de 15% ao ano líquido para o cotista. O fundo não será listado, e terá prazo de oito anos.
Além de distribuir o fundo para sua base, XP foi responsável pela coordenação da oferta do Fiagro. A Cescon Barrieu assessorou a corretora, enquanto o VBSO Advogados assessorou a Riza.
Também no prospecto, a Riza indicou um pipeline de regiões onde prospecta fazendas que podem fazer parte do portfólio do novo fundo. São 18 mil hectares (sendo 14 mil hectares de cultivo) distribuídos por todo Centro-Oeste e nos estados do Piauí, Tocantins e também Minas Gerais. As áreas cultivam soja, milho e algodão, e somam R$ 612 milhões em valor de mercado.
A Riza atingiu um status de “especialista em terras agrícolas” com o sucesso de seu primeiro fundo do tipo, o Terrax. Fundo imobiliário listado em Bolsa, conta com um patrimônio líquido de R$ 1,7 bilhão distribuído em cerca de 20 fazendas que somam mais de 80 mil hectares.
Dentro do Terrax, a estratégia é tripla. Além do “sale and leaseback”, que será repetida no novo fundo, a empresa ainda pratica o que chama de “buy to lease”, com a compra e o arrendamento para outro agricultor, e a “land equity”, na qual compra a terra em busca de valorização imobiliária.
A Riza estava desde fevereiro de 2024 sem captar recursos para fundos agro. Na ocasião, realizou a quarta emissão de cotas para o Terrax, onde levantou R$ 486 milhões.
Em agosto, Mesquita, da Riza, citou que o cenário de alta de juros e de inadimplências no setor deixou as gestoras com pouco apetite para captações, fazendo com que os executivos reforçassem sua atuação na formação do portfólio. Agora, parece que finalmente chegou a hora de voltar ao mercado, e o primeiro teste foi positivo.
Resumo
- Riza capta R$ 408 milhões com o Fiagro Terrax Vintage, focado em terras agrícolas e estruturado na estratégia “sale and leaseback”
- Empresa mira terras que cultivam soja, milho e algodão no Centro-Oeste, Piauí, Tocantins e Minas Gerais
- Captação indica uma possível retomada do interesse pelos Fiagros, que estavam estagnados nos últimos meses