Uma safra de volta ao padrão normal e um alívio para o setor citrícola após a quebra dramática da temporada passada.
Foi como o diretor-executivo do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), Antonio Juliano Ayres, resumiu, nesta sexta-feira, 9 de maio, a perspectiva de oferta de 314,6 milhões de caixas (40,8 quilos) de laranja no cinturão citrícola de São Paulo e regiões do Triângulo e Sudoeste de Minas Gerais em 2025/2026.
A oferta na principal região produtora da fruta e de suco de laranja do mundo será 36,27% superior ao total de 230,87 de caixas da safra passada e 4,8% maior que a média das últimas dez temporadas.
Com a forte estiagem e as altas temperaturas, 2024/2025 foi a pior safra em 35 anos, ou desde 2008/2009. A margem de erro está entre 7 milhões e 8 milhões de caixas para mais ou menos e a primeira revisão será em setembro, já com a colheita em andamento.
“Os fatores principais, além dos tratos culturais, foram o clima e o crescimento de 7,5% nas árvores adultas, a queda na erradicação (de pomares doentes) a praticamente zero e os pomares mais jovens migrando para fase mais produtiva”, resumiu Ayres no evento de apresentação da safra, na sede do Fundecitrus, em Araraquara (SP).
O clima severo cada vez mais constante quase estragou a atual safra da fruta, segundo o diretor-executivo do Fundecitrus. Com a seca e o calor, entre agosto e outubro do ano passado, a primeira florada nos pomares foi reduzida e 70% da oferta em 2025/2026 será da segunda florada, a partir de outubro.
“Com temperatura acima de 38 graus há um desequilíbrio hormonal e a planta aborta o fruto. Entre setembro e outubro de 2024, a temperatura foi 3,2 graus Celsius acima da média histórica, o que prejudicou a primeira florada”, disse. “A partir de outubro a florada teve um bom pegamento”.
De acordo com o diretor-executivo do Fundecitrus, nem mesmo a irrigação, que atinge 45% da área citrícola e chega a 98% no Triângulo Mineiro, foi capaz de evitar os problemas na primeira florada. Essa florada foi induzida pela irrigação e praticamente perdida pela temperatura extrema em seguida.
“Com isso, teremos uma safra mais tardia por causa da segunda florada e o processamento deve atrasar 45 dias, com uma colheita de fruta de boa qualidade e em um período cada vez mais concentrado”, explicou Ayres.
Inventário
O Fundecitrus divulgou também a atualização do inventário trienal de plantas e da área no cinturão citrícola. No total, são 209,085 milhões de árvores, alta de 4,9% sobre 199,311 milhões de árvores de 2022. Já a área total cresceu 2% entre os períodos, para 394.918 hectares.
Do total, são 182,7 milhões de árvores produtivas e 362 mil hectares, aumento de 12,7 milhões de árvores (7,5%) e de 18 mil hectares (5,2%) em relação ao censo anterior, de 2022.
Para 2025/2026, o Fundecitrus estima 617 frutos por árvore, 30% a mais do que na temporada passada. Se as previsões de precipitação abaixo da média se consolidarem, principalmente entre maio a julho de 2025, o peso médio das laranjas no ponto de colheita deve chegar a 158 gramas ante 159 gramas por fruto na passada.
Portanto, serão necessários 258 frutos para compor uma caixa na safra, ante 256 frutos por caixa na passada. A produtividade média estimada para 2025/2026 é de 869 caixas por hectare, com 1,72 caixa por árvore, ante 687 caixas por hectare e 1,37 caixa por árvore em 2024/2025.
Greening e pesquisa
Principal praga da citricultura, o greening ainda é um desafio para os produtores, de acordo com o diretor-executivo do Fundecitrus. Com a queda na erradicação de pomares, principal método para evitar a disseminação da doença, 51% das laranjeiras adultas têm greening.
Por isso, o índice de queda prevista das frutas nos pomares deve sair de 17,8% para 20%, entre os períodos, uma perda estimada de 35 milhões de caixas devido ao greening.]
“Mas com o controle químico melhorando com novas moléculas, a população do psilídeo (inseto transmissor) reduziu e caiu a incidência nos pomares jovens. Tenho certeza que em cinco anos teremos mais controle e menos incidência”, afirmou Ayres.
O executivo conta com o avanço da pesquisa nas lavouras e, ao final do evento, anunciou a criação de uma rede de pesquisas entre o Fundecitrus e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), com o fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Segundo ele, serão investidos US$ 3 milhões na rede de pesquisa com 70 pesquisadores de sete países, a maior parte de doutores e pós-doutores.
Resumo
- A oferta na principal região produtora da fruta e de suco de laranja do mundo será 36,27% superior ao total de 230,87 de caixas da safra passada
- Com a seca e o calor, entre agosto e outubro do ano passado, a primeira florada nos pomares foi reduzida, segundo o Fundecitrus
- Fundecitrus e Esalq/USP anunciaram a criação de uma rede de pesquisas com foco na citricultura e investimentos de US$ 3 milhões