Guardada para o final, no último dia da missão à China, o governo do nosso maior parceiro comercial anunciou nesta terça-feira a abertura de cinco novos mercados para o agronegócio brasileiro.

Além da exportação de farelo de amendoim, carnes de pato e peru, miúdos de frango (coração, fígado e moela), o governo chinês autorizou a importação de derivados da indústria e destilação de do etanol de milho, o DDG e DDGs.

Segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, a nova abertura, somada a de pescados ocorrida no final de abril, gera um mercado potencial de US$ 20 bilhões para o comércio brasileiro com a China por ano.

Com a autorização, o agronegócio brasileiro alcança a 62ª abertura de mercado em 2025, totalizando 362 novas oportunidades de negócio desde o início de 2023.

Dados do governo chinês apontam que em 2024, a China importou US$ 155 milhões de miúdos de frango, US$ 50 milhões de carne de peru, US$ 1,4 milhão de carne de pato, mais de US$ 66 milhões em DDG e DDGS e US$ 18 milhões em farelo de amendoim

O presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, considerou como um “fato histórico” para o setor, um dos que mais cresce no País, a abertura do mercado para os subprodutos do processamento do grão para o biocombustível.

“A abertura de mercado em tempo recorde é um exemplo de como, quando o setor se organiza junto com o governo, os resultados vêm de forma célere e com bons frutos, ancorando”, relatou Nolasco.

Segundo a Unem, a produção brasileira de DDG e DDGs chegou a 4 milhões de toneladas na safra 2024/2025, ante cerca de 3 milhões de toneladas na safra anterior. Dados mais recentes da entidade apontam que, em 2023, as exportações de DDG movimentaram US$ 180,27 milhões e, em 2024, US$ 190,65 milhões. Os principais mercados são Vietnã, Turquia, Nova Zelândia, Espanha e Tailândia.

Já o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, avaliou que a abertura para três proteínas de carne de aves representa um potencial de mais de R$ 1 bilhão em receita cambial para o Brasil.

Além da abertura dos mercados, o Ministério da Agricultura e a Administração-Geral de Aduanas da China (GACC) assinaram memorandos para promover a comunicação e a cooperação bilateral nesse setor de sanidade alimentar entre os dois países.

Outros acordos

Durante a visita da comitiva brasileira à China, outros acordos e memorandos com possíveis impactos foram firmados. Na segunda-feira, 12 de maio, a Raízen Energia e a SAFPAC Ltd., de Hong Kong, assinaram memorando para possível produção de combustível sustentável de aviação (SAF).

De acordo com o Ministério das Minas e Energia, a previsão é que o futuro projeto tenha três fases, com 170 mil toneladas por ano entre 2025 e 2026, 285 mil toneladas anuais entre 2027 e 2029 e 500 mil toneladas por ano de 2030 a 2033.

O memorando estabelece as bases para parceria estratégica de fornecimento de combustível renovável pela Raízen, incluindo o de segunda geração (E2G), como matéria-prima para a produção de SAF através da tecnologia Alcohol-to-Jet (ATJ), que transforma etanol em querosene renovável para aviação.

Em outro memorando, a China Chemical anunciou estudos sobre a viabilidade técnica e financeira para construção de uma fábrica de fertilizantes no Brasil.

De acordo com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), dos 20 setores da economia do Brasil que participaram da missão à China, 13 são do agronegócio.

Dos US$ 215 bilhões importados anualmente pela China nos setores ligados a alimentos, agricultura e pecuária, cerca de US$ 55 bilhões são de empresas e grupos brasileiros.

Resumo

  • China abre cinco novos mercados para o agro brasileiro, incluindo miúdos de frango, carnes de pato e peru, farelo de amendoim e subprodutos do etanol de milho (DDG/DDGs)
  • Acordo abre mercado potencial de US$ 20 bilhões/ano em comércio com a China
  • Também foram firmados acordos para possíveis produção de combustível sustentável de aviação (SAF) e instalação de fábrica de fertilizantes no Brasil.