Um trimestre de recordes no lucro líquido, receita líquida e no Ebitda. Foi como Edison Ticle, CFO da Minerva Foods, resumiu os resultados financeiros da companhia no segundo trimestre de 2025 (2T25).

De acordo com o balanço financeiro divulgado nesta quarta-feira, 6 de agosto, a Minerva Foods relatou lucro líquido de R$ 458,3 milhões, aumento de 380,2% em relação aos R$ 95,4 milhões obtidos no mesmo período do ano anterior.

A receita líquida somou R$ 13,9 bilhões, crescimento de 81,6% em relação ao 2T24 e de 24,3%. Já o Ebitda atingiu R$ 1,3 bilhão, com expansão anual de 74,9% e margem de 9,4%.

O documento aponta que o desempenho positivo foi impulsionado principalmente pela consolidação das receitas das novas plantas adquiridas na América do Sul, pela retomada da demanda chinesa, os preços internacionais em alta e pela eficiência operacional da companhia.

A integração dos novos ativos segue avançando consistentemente, “melhor do que inicialmente planejado” e a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado, encerrou o trimestre em 3,16 vezes, mesmo após a realização de um aumento de capital de R$ 2 bilhões.

“Se pegarmos os dados do trimestre e anualizarmos a partir da dívida do final do trimestre, a alavancagem na margem é de 2,7 vezes, menor do que quando adquirimos os ativos da Marfrig”, destacou o CFO da Minerva Foods, se referindo à operação de compra de 13 unidades industriais e um centro de distribuição da Marfrig na América do Sul por R$ 7,18 bilhões, no ano passado.

No balanço do 2T25, a companhia aponta que “a sólida presença internacional” continua sendo um dos principais pilares do desempenho, já que aproximadamente 60% da receita bruta consolidada teve origem no mercado externo, “reafirmando nosso DNA exportador e a competitividade dos nossos ativos na América do Sul”.

Segundo Ticle, a estratégia da companhia para se proteger do tarifaço - que elevou de 26% para 36% e, agora, para 76%, a taxação da carne brasileira exportada aos Estados Unidos - passou pela antecipação das vendas e formação de estoques.

A Minerva Foods aumentou em R$ 900 milhões os estoques no segundo trimestre e em R$ 2 bilhões no ano, majoritariamente para os Estados Unidos, de acordo com o executivo. Esse aumento, segundo o CFO da companhia, garante a venda para os próximos trimestres de 2025 naquele mercado.

Além disso, a companhia tem uma proteção natural para compensar as perdas do mercado brasileiro a partir do reforço dos negócios das unidades de outros países da América do Sul, cujas plantas processadoras são habilitadas para os Estados Unidos.

“O fato de termos uma plataforma diversificada vai nos permitir substituir Brasil por Argentina, Paraguai e Uruguai. Os preços devem subir nos Estados Unidos e o aumento dos embarques nas três origens vai nos ajudar”, disse. “Os volumes do Brasil serão direcionados para Europa, China, Chile e Oriente Médio”, completou o CFO da Minerva Foods.

A região do Nafta, que inclui Canadá e México, foi responsável por 33% das exportações no 2T25, ante 15% no mesmo período do ano anterior.

“A região continua como o principal destino das exportações da Minerva Foods, tendo os Estados Unidos como o grande vetor de demanda na região, alcançando uma participação de 19%, por meio das nossas diversas origens produtivas com acesso a tal mercado”, reformou a companhia em nota.

Na Ásia, a retomada da demanda chinesa, que representou 17% das vendas da companhia no 2T25 e elevou as compras de 362 mil para 507 mil toneladas na comparação trimestre, foi o destaque.

De acordo com Ticle, o cenário deve seguir positivo, com alta nos volumes e nos preços da carne exportada pela Minerva Foods para Estados Unidos e China no médio prazo, devido aos ciclos pecuários ruins que limitam a oferta interna nos dois mercados.

“O ciclo ruim deve seguir na China até o ano que vem, no mínimo. Nos Estados Unidos a situação é mais dramática, sem retenção de fêmeas e com menor rebanho dos últimos 70 anos, a recuperação só acontecerá a partir de 2028”, afirmou.

“A fotografia do segundo trimestre deve ser a do restante do ano”, concluiu o otimista CFO da Minerva Foods.

Resumo

  • A Minerva Foods registrou lucro líquido de R$ 458,3 milhões no 2T25, alta de 380,2% em relação ao ano anterior
  • Resultado foi impulsionado pela integração de novas plantas na América do Sul, retomada da demanda chinesa e alta nos preços internacionais.
  • Para se proteger do tarifaço, empresa antecipou exportações, aumentou estoques e vai reforçar exportações para os EUA a partir de Argentina, Uruguai e Paraguai