Nascida em 2018 na Alemanha como uma promissora startup, a Stenon ficou os pés no Brasil em 2023 e conta com o país para dobrar sua área monitorada até 2027. A companhia desenvolvedora do FarmLab, equipamento de análise química de solo em tempo real por meio de inteligência artificial e de um software intuitivo, quer saltar de 506 mil hectares e chegar ao seu primeiro milhão de hectares analisados.
Em entrevista ao AgFeed, Niels Grabbert, CEO e fundador da Stenon, afirmou que o mercado brasileiro é estratégico para o crescimento da Stenon e que até mesmo um cargo executivo para a expansão por aqui está sendo criado pela companhia.
“O Brasil é considerado um dos mercados mais estratégicos da Stenon fora da Europa e, como tal, tem recebido investimentos direcionados em várias frentes. Nos últimos dois anos, estabelecemos uma subsidiária local, montamos uma equipe de agrônomos e especialistas técnicos e expandimos nossa presença”, disse Grabbert.
Para comandar a equipe de agrônomos, especialistas e técnicos, “como próximo passo em nosso crescimento, estamos fortalecendo nossa liderança no Brasil com a criação de um cargo dedicado de Chefe de Desenvolvimento de Negócios para acelerar a expansão do mercado e as parcerias”, completou o empresário.
Sem revelar números, o CEO da Stenon afirmou ter dobrado a receita no Brasil entre 2023 e 2025. Desde a entrada no mercado, a tecnologia da Stenon já foi usada para analisar quase 90 mil hectares em diferentes Estados produtores.
No Brasil, de acordo com a Stenon, a adoção do FarmLab, equipamewnto que tem o formato de uma pá e é dotado de sensores capazes de fazer a análise de solos em tempo real, tem ocorrido principalmente em culturas de cana-de-açúcar no Centro-Sul, na produção de milho e algodão em Mato Grosso e no milho e trigo no Paraná.
“O valor real está no sucesso mensurável por hectare. Um estudo de caso recente no Brasil, o gerenciamento otimizado do nitrogênio no solo proporcionou um retorno sobre o investimento 17 vezes maior, o que se traduziu em uma economia de cerca de US$ 172 por hectare”, explicou Grabbert.
Na entrevista, o CEO da Stenon revelou que a agtech desenvolve uma uma nova tecnologia projetada para a análise em em larga escala. “que será um fator essencial para alcançarmos nossa meta de 2027 de cobrir 1 milhão de hectares em tempo real em todo o mundo”
Segundo Grabbert, embora os detalhes ainda sejam sigilosos, a tecnologia busca o gerenciamento preciso de nutrientes ainda mais escalável e acessível para grandes produtores em mercados como o Brasil.
Desenvolvido e montado na Alemanha, “para garantir os mais altos padrões de precisão e confiabilidade”, segundo o executivo, o FarmLab pode, no futuro, ser produzido em grandes mercados como o Brasil.
“À medida que o mercado brasileiro cresce, continuamos abertos a explorar oportunidades de produção local que se alinhem à nossa estratégia de crescimento”, afirmou.
Grabbert considera que o agronegócio brasileiro passa por um ambiente financeiro “desafiador”, marcado por altas taxas de juros e condições de crédito mais restritas. No entanto, o cenário de Selic em 15%, custo do financiamento maior e margens agrícolas espremidas, especialmente aos pequenos e médios produtores, abre uma oportunidade para a companhia.
“A tecnologia da Stenon tem mostrado reduções médias de 20% a 30% no uso de fertilizantes nitrogenados sem comprometer a produtividade. Isso não só ajuda a aliviar o fluxo de caixa, mas também protege os agricultores contra a volatilidade internacional dos preços da ureia”, explicou o executivo.
Grabber afirmou ainda que a Stenon continua “a manter uma relação positiva com a Lavoro”, especialmente nas regiões onde a companhia, em recuperação extrajudicial, apoiou sua agtech no início das operações no Brasil.
“Ao mesmo tempo, o Brasil é um mercado vasto e altamente diversificado, e nossas atividades hoje se estendem muito além dessa presença inicial, envolvendo uma rede crescente de agricultores e parceiros adicionais à medida que expandimos”, concluiu
Resumo
- Agtech alemã Stenon, especializada em equipamentos digitais para análise de solo, dobra receita no Brasil e cria cargo executivo para acelerar expansão no país
- CEO da empresa diz que prepara lançamento de nova tecnologia para dar mais escala às análises e tem meta de alcançar 1 milhão de hectares analisados até 2027
- Segundo a empresa, tecnologia FarmLab reduz em até 30% uso de fertilizantes, gerando ROI 17x maior por hectare