Na Vittia, tons de vermelho estão presentes mais um vez no balanço. Depois de registrar prejuízo de R$ 17,7 milhões no segundo trimestre do ano passado, a companhia repetiu a dose e aumentou o resultado líquido negativo em 19%, encerrando os meses de abril a junho deste ano com prejuízo de R$ 21,1 milhões.
No balanço divulgado na noite de quarta-feira, 13 de agosto, a companhia cita que manteve sua receita estável em R$ 99,1 milhões, mas pela sazonalidade do período, viu os custos corroerem o resultado. O custo dos produtos vendidos, por exemplo, somou R$ 84 milhões. Além disso, teve R$ 43,9 milhões em despesas operacionais.
O resultado negativo já era esperado pela companhia, que cita no próprio balanço que este é um trimestre de baixa demanda e pouco faturamento pelo “intervalo entre safras”.
“Dessa forma, espera-se que o resultado seja negativo, em função dos nossos custos fixos, e pouco representativo no que se espera para o ano”.
No detalhe, o faturamento se manteve estável em um ano por conta da venda de fertilizantes de solo, que somaram R$ 49 milhões ao resultado, um avanço de 16% em um ano.
O restante do portfólio viu suas vendas recuarem. Na categoria “fertilizantes foliares e produtos industriais”, a receita caiu 12,6% em um ano, para R$ 26,3 milhões. Nos “biológicos e naturais”, a baixa foi de 14,2%, para R$ 23,6 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) foi negativo em R$ 20 milhões.
Apesar de uma venda estável e mais um prejuízo, a companhia teve uma geração de caixa operacional de R$ 115,2 milhões, um crescimento de 16,6%. A dívida líquida estava também em R$ 115,2 milhões em junho, gerando uma alavancagem de 0,88 vez.
Mesmo esperando um resultado mais fraco pela sazonalidade, o mercado não gostou do resultado. Por volta das 12h desta quinta-feira, 14 de agosto, a ação da Vittia recuava 8% na Bolsa. No ano, a baixa acumulada é de 19%.
Leonardo Alencar, analista da XP que cobre a empresa, citou em relatório que os resultados vieram alinhados com “expectativas fracas” e destacou que o balanço mostra o ambiente atual dos produtores, que tem levado a um atraso na aquisição de insumos.
“Esse cenário pesou na comercialização de biológicos, o que deteriorou o mix de receita e a margem. Como os fertilizantes possuem margens mais apertadas, o mix pior do que o esperado levou a uma margem Ebitda ajustada de -21,0%, pior que nossa expectativa de -14,3%”, disse.
Do lado positivo, destacou que a empresa tem gerido a sua carteira de crédito de forma adequada, sem deterioração. A Vittia não detalha os números, mas cita no balanço que observa “um ritmo mais alto de negócios” e uma carteira de pedidos superior à do mesmo período de 2024.
“Em nossa visão, os resultados futuros dependerão da capacidade da empresa de gerir a carteira de crédito nos próximos trimestres e acelerar a comercialização de produtos de maior margem”, afirmou Alencar, da XP.
Uma luz no fim do túnel?
Em um release de divulgação de resultados, o CEO da empresa, Wilson Romanini, projetou um segundo semestre mais favorável, citando uma “retomada do ritmo de negócios e crescimento de receita”.
“Seguimos focados na execução de nossa estratégia, apoiados em um portfólio diversificado, solidez financeira e proximidade com o campo – diferenciais que nos colocam em posição competitiva para capturar as oportunidades que virão”, disse na nota.
Também no comunicado, o CFO da empresa, Alexandre Frizzo, citou que a Vittia atravessou 2024 e segue em 2025 com uma visão de longo prazo, superando momentos de maior pressão no mercado.
“A geração de caixa obtida no semestre até aqui reflete uma solidez da estrutura de capital da empresa. Essa estratégia se apoia em uma carteira de clientes de qualidade e em uma política de crédito rigorosa, garantindo bom desempenho no recebimento da safra — um resultado especialmente relevante diante do cenário desafiador de crédito e inadimplência que o agronegócio enfrenta”, afirmou.
Segundo Frizzo, a Vittia vê chances reais de encerrar o ano com crescimento na receita, Ebitda e lucro.
A companhia encerrou 2024 com um lucro líquido de R$ 75,3 milhões, uma baixa de 22,6% frente a 2023. A receita líquida foi de R$ 786,6 milhões, mostrando uma alta de 4% frente a 2023.
Quando divulgou esses resultados, a Vittia já falava em recuperação. Vai ficar para o segundo semestre de 2025.
Resumo
- Vittia amplia prejuízo em 19% no 2º tri, para R$ 21,1 milhões, com Ebitda negativo de R$ 20 milhões e receita estável em R$ 99,1 milhões
- Vendas de fertilizantes de solo crescem 16%, mas queda em biológicos e foliares reduz margem; cenário de crédito apertado e atraso nas compras pesa
- Geração de caixa sobe 16,6% para R$ 115,2 milhões e alavancagem recua para 0,88x, com a empresa projetando melhora no segundo semestre