A Vittia até vendeu mais, mas não conseguiu terminar o primeiro trimestre de 2025 no azul. No balanço divulgado na noite de terça-feira, 13 de maio, a companhia mostrou que os custos avançaram mais que o faturamento. E, assim, prejudicaram o resultado final.

A companhia de insumos terminou o período que foi de janeiro a março deste ano com uma receita líquida de R$ 137,8 milhões, número 13% maior do que no mesmo trimestre do ano passado.

Dividindo as vendas por segmento, R$ 58 milhões vieram da comercialização de fertilizantes foliares e industriais, R$ 50 milhões com biológicos e R$ 29 milhões com fertilizantes de solo.

Os fertilizantes foliares e os de solo registraram altas de 18% e 55%, respectivamente. Os biológicos tiveram uma pequena retração de 6%. De acordo com a empresa, a alta nos fertilizantes de solo se deu por uma demanda na linha de micronutrientes e por compras antecipadas pensando na safra 2025/26.

Já nos foliares, a Vittia cita que o resultado foi “puxado por produtos de menor valor agregado, como sais e itens da linha industrial, em resposta ao comportamento mais conservador dos produtores”.

Ao mesmo tempo, o custo da empresa subiu mais do que a receita. No trimestre, o CPV (custo dos produtos vendidos) somou R$ 95,8 milhões, uma alta de 23,5% ante o mesmo trimestre em 2024.

A Vittia citou que esse indicador veio pior porque a empresa vendeu mais volume em produtos de baixo valor agregado, o que trouxe um mix de vendas menos rentável.

As despesas operacionais, mesmo que em queda, ainda “tiraram” mais R$ 45 milhões do resultado, deixando a Vittia com um prejuízo líquido de R$ 1,9 milhão no trimestre. No ano passado, mesmo com menos receita, a empresa havia lucrado R$ 800 mil.

A Vittia encerrou março com uma dívida líquida de R$ R$ 217,7 milhões, um avanço de 25% em um ano. A alavancagem ficou em 1,6 vez, levemente acima do patamar de 1,4 vez em março de 2024.

Apesar do prejuízo, o analista do Citi Gabriel Barra disse, em relatório enviado a clientes do banco, que os resultados vieram acima das suas expectativas.

Ele pontuou que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação), que somou R$ 7 milhões, veio 1% maior do que o projetado. Segundo Barra, o prejuízo também foi causado por um aumento nos impostos que a empresa teve que pagar.

“Apesar dos números acima da nossa projeção, consideramos os resultados do trimestre fracos, marcados principalmente por margens menores e pelo período desafiador do agronegócio brasileiro, com escassez de crédito, margens baixas e altas taxas de juros”, disse o analista do Citi.

No entanto, destacou que o primeiro trimestre não é tão relevante para o resultado do ano, com as vendas de fato aquecidas no segundo semestre por conta do plantio de soja.

“Acreditamos que o foco da Vittia está nos próximos meses devido ao recebimento das vendas da safra 2024/2025 e à potencial melhora no ambiente do agronegócio, com a expectativa de melhora nas margens do produtor ao longo desta safra, o que pode implicar na retomada dos investimentos em tecnologia para a safra 2025/2026”, finalizou Barra.

O futuro mais promissor encontra coro também na administração da Vittia. Em nota, o CEO, Wilson Romanini, pontuou que há uma expectativa de retomada no ritmo dos investimentos no campo, sustentada por uma boa colheita da safra atual, o que traz mais rentabilidade ao produtor.

“Estamos prontos para capturar essa retomada na demanda, com escala de produção, presença nacional e portfólio cada vez mais alinhado às necessidades da agricultura moderna”, disse.

Resumo

  • Receita líquida da Vittia foi de R$ 137,8 milhões, 13% acima em um ano. Prejuízo líquido foi de R$ 1,9 milhão, revertendo o lucro de um ano antes
  • Por segmento, empresa teve alta no comércio de fertilizantes foliares, industriais e de solo. Biológicos tiveram pequena retração
  • Com safra 2024/25 mais produtiva, expectativa para os próximos trimestres é mais positiva na visão da companhia e do mercado