A cada conquista, uma nova ambição. Se em dez dias, entre 14 a 23 de maio, os irmãos Batista conseguiram resolver dois grandes imbróglios envolvendo duas das maiores empresas da sua holding J&F, chegou a hora de pensar em outros objetivos.
Primeiro, eles finalizaram a disputa judicial de quase uma década com a Paper Excellence pelo controle da Eldorado Celulose. Depois, obtiveram a autorização de acionistas para a dupla listagem na Bolsa de Nova York.
O próximo degrau, revelou Wesley Batista em entrevista à CNN Money, é integrar o índice S&P 500, indice que reúne clube restrito das maiores companhias dos Estados Unidos.
“O S&P 500 é um marco. É lógico que tem um processo a ser feito, mas acreditamos que vamos estar lá e vamos celebrar muito”, disse o empresário, acionista e membro do conselho da JBS.
Wesley Batista citou também o índice Russell, outra referência no mercado norte-americano de ações, como exemplo de indicador, ao lado do S&P 500, para atrair investidores. “Hoje tem um volume muito grande de dinheiro de fundos que, se você não estiver lá, você não acessa”, afirmou.
Para o empresário, as projeções de analistas que apontam um potencial de valorização de 150% a até 300% nas ações da companhia após a dupla listagem, vão se confirmar, já que a JBS é menos valorizada atualmente do que concorrentes que operam na Bolsa dos Estados Unidos.
Na próxima sexta-feira, 30 de maio, a companhia espera obter a aprovação do registro da nova empresa. Órgãos reguladores, como a americana SEC e as brasileiras CVM e B3, irão autorizar a companhia a listar suas ações no novo formato.
A data prevista para as ações da JBS saírem da B3, deixando apenas os BDRs, que espelham as ações listadas na Bolsa de Nova York, é 6 de junho. No dia 9 do próximo mês, os BDRs começam a ser negociados.
Detentores de ações da JBS irão receber automaticamente os BDRs, numa proporção de um BDR para duas ações da JBS. A expectativa é que esses novos papéis apareçam na carteira dos acionistas no dia 11 de junho.
A partir daí, os investidores poderão trocar esses BDRs por ações diretamente nos EUA, caso tenham uma conta em uma corretora americana. Finalmente, em 12 de junho, a JBS começará oficialmente a ser negociada na bolsa de Nova York.
Wesley Batista lembrou que o processo da JBS até ser promovida à Bolsa de Nova York durou anos e enfrentou, na primeira tentativa, o veto da BNDESPar, braço de investimentos do banco público de fomento, até o acordo feito com o acionista para se abster na votação que autorizou a dupla listagem
“Foi um movimento relevante e transformacional ter uma empresa do tamanho da JBS listada no maior centro financeiro mundial e passar a acessar um volume de investidores, de recursos gigantescos e ser comparados com pares similares”.
No papel
O empresário comentou também o acordo entre a J&F e a Paper Excellence pelo controle da Eldorado Celulose Brasil, após oito anos de litígio. Segundo Wesley Batista, a solução, com o pagamento de US$ 2,7 bilhões por 49,4% das ações, foi boa para os dois lados.
“Ficamos super felizes porque o que gostamos de fazer é trabalhar, não brigar e
desejamos felicidades para eles. Não somos gente de guardar rancor, isso é da nossa natureza”, disse. “E nós fizemos um acordo em que o ex-sócio fez um grande investimento e saiu com um retorno extraordinário”, completou
Wesley Batista citou também a disputa judicial entre a J&F e a CA Investment, subsidiária da Paper Excellence controlada pelo bilionário indonésio Jackson Widjaja pelo controle da companhia de celulose e admitiu que “no começo descuidamos do processo”.
“Eles largaram na nossa frente, conseguiram algumas vitórias, ilegítimas, que nós questionamos. A coisa foi se revertendo e, à medida que ficou mais claro que a disputa iria terminar desfavorável ao ex-sócio, chegamos em um acordo”.
Na entrevista conduzida pelo jornalista e âncora da CNN Money Fernando Nakagawa - cuja íntegra será exibida nesta quinta-feira, 29 de maio, a partir das 17h -, o empresário disse que segue mais otimista com o País do que a avaliação do mercado e elogiou indicadores econômicos.
“O Brasil está crescendo 3%, não está estagnado. A balança comercial brasileira, você fala: está ruim? Está boa. A taxa de desemprego, as reformas que o país vem conquistando, (como) a tributária que ouvia falar desde que me entendo por gente”, exemplificou.
Ele considerou que o déficit nominal e a taxa de juros real seguem elevados, mas concluiu: “Olhando os fatos em si, não achamos que está ruim, não”.
Resumo
- Acinista e conselheiro da JBS firma que próximo objetivo da companhia é integrar índice que reúne as maiores empresas dos Estados Unidos
- Para Wesley Batista, projeções de que ações da companhia podem se valorizar até 300% após dupla listagem são realistas
- Ele considerou o acordo para encerrar litígio da holding J&F com a Paper Excellence na Eldorado Celulose como um bom negócio para ambas as partes