Num momento em que uma de suas principais concorrentes se aproxima do status de megatrading e a China avança agressivamente no mercado global de originação de grãos, a tradicional Louis Dreyfus Company (LDC) se movimenta.

Em um release divulgado nesta sexta-feira, 19 de setembro, a companhia fez um balanço de sua operação no primeiro semestre de 2025 e mostrou que acelerou seus investimentos ao mesmo tempo em que vendeu mais produtos. Em paralelo, viu o lucro cair.

A LDC teve uma receita líquida de US$ 26,2 bilhões no período de janeiro a junho, alta de 2,3% em relação ao mesmo semestre em 2024. Contudo, a empresa reportou um lucro líquido de US$ 418 milhões no primeiro semestre, baixa de 14,5% na comparação com US$ 489 milhões de um ano antes.

No release, o CEO da empresa, Michael Gelchie, destacou o avanço de volume mesmo em meio a um “cenário de turbulência e incerteza persistentes no mercado” e ressaltou um “desempenho financeiro robusto ao mesmo tempo em que mantém um impulso na ambição de crescimento”.

A empresa não destrincha o avanço da receita, mas dá algumas pistas de onde vieram as vendas. Os volumes cresceram 4,4% no semestre frente ao mesmo período em 2024 e a companhia cita um “aumento da capacidade de originação”.

De janeiro a junho, a empresa aponta que realizou uma série de investimentos e aumentou sua capacidade de recebimento na Argentina, expandiu a unidade de processamento de café em Varginha (MG) e também construiu um novo terminal de transbordo intermodal em Pederneiras (SP), visando “aumentar a capacidade de processamento de açúcar brasileiro”.

Apesar de não detalhar os valores dos investimentos, a unidade mineira foi ampliada de 13 mil m² para 31 mil m², fazendo com que a unidade seja capaz de armazenar 1 milhão de sacas de café. Por ano, a capacidade é de movimentação e beneficiamento de 2,5 milhões de sacas por ano.

Já no terminal do interior paulista, a unidade tem capacidade estática para 90 mil toneladas do adoçante, com um fluxo de recebimento e expedição de 500 toneladas por hora. A ideia por lá é levar a produção das usinas do Centro-Sul até o porto de Santos via ferrovias.

“Hoje, as usinas da região utilizam quase que exclusivamente o modal rodoviário para escoar sua produção para o porto”, disse a Dreyfus quando anunciou o investimento.

O desembolso de capital da empresa europeia somou US$ 521 milhões no primeiro semestre de 2025, um avanço de 74,2% em relação aos US$ 299 milhões do mesmo período de 2024.

A empresa ainda cita que construiu novas unidades de processamento de oleaginosas no Canadá e nos EUA, além de uma fábrica de proteína de ervilha na cidade canadense de Yorkton.

Na Ásia, o semestre foi marcado pela inauguração de uma nova planta de refino de glicerina e uma linha de envase de óleo comestível em Lampung, na Indonésia. Na China, inaugurou uma linha de produção de lecitina para ração especial em Tianjin.

A LDC ainda registra que investiu para aumentar a penetração da sua operação de sucos no varejo global. A marca Montebelo Brasil, por exemplo, focada em sucos de laranja, manga e limão, chegou aos mercados indonésio, alemão e português, segundo a empresa.

“No segundo semestre do ano continuamos focados em entregar resultados confiáveis ​​para nossos parceiros de negócios, alavancando nossa expertise, alcance global e rede integrada de ativos, que expandimos novamente em setembro com novas equipes e operações na Europa Central”, concluiu o CEO no release.

O aumento do investimento foi acompanhado por maior alavancagem. Ao final de junho, a relação entre a dívida e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) subiu de 0,5 vez, em dezembro de 2024, para 1,3 vez no final de junho.

Considerando o Ebitda de US$ 987 milhões no semestre (6,6% menor em um ano), é possível estimar que a dívida líquida da LDC está próxima de US$ 1,3 bilhão.

Resumo

  • LDC aumentou vendas e receita no primeiro semestre de 2025 para US$ 26,2 bilhões, mas teve lucro líquido em queda de 14,5%, para US$ 418 milhões
  • Os investimentos globais avançaram 74,2%, somando US$ 521 milhões, incluindo expansão de unidades no Brasil (processamento de café em Varginha e terminal intermodal em Pederneiras)
  • Companhia também investiu em penetração de marcas de suco no varejo internacional, com foco em mercados na Indonésia, Alemanha e Portugal