A indústria de máquinas e implementos agrícolas Jacto está seguindo à risca a máxima de seu fundador, Shunji Nishimura: “Ninguém cresce sozinho”. A companhia anunciou na manhã desta segunda-feira, dia 2 de junho, que adquiriu a Solo Kleinmotoren, uma empresa alemã especializada na fabricação de pulverizadores, sopradores e máquinas de corte.
Com o investimento, cujo valor não foi revelado, a Jacto vai passar a produzir na Alemanha e nos Estados Unidos. “A Europa e os Estados Unidos são dois mercados importantes e que hoje temos pouca presença. Estaremos mais próximos dos mercados, com reação rápida a demandas pontuais”, afirmou Ricardo Nishimura, presidente do Conselho de Administração do Grupo Jacto, ao AgFeed.
Em seu portfólio, a Solo possui pulverizadores manuais, motorizados e movidos a bateria, além de sopradores e máquinas de corte. Com a chegada do catálogo da empresa alemã, o volume de produtos da divisão de portáteis da Jacto deve crescer 60%, segundo Nishimura, que destacou a complementaridade de tecnologia das duas companhias.
“As tecnologias comuns a ambas as empresas preveem condições ideais de sinergia para novos desenvolvimentos, produção e distribuição”, afirmou.
O voo da Solo não será totalmente solo a partir de agora. A marca seguirá existindo, mas agora subordinada à divisão de portáteis da Jacto, que vai utilizar as estruturas produtivas da Solo localizadas em Newport News, no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, e em Sindelfingen, na Alemanha, enquanto que a empresa alemã terá acesso às fábricas da Jacto no Brasil, na Argentina e na Tailândia. “A intenção é Jacto na Solo e Solo na Jacto”, resumiu o presidente do conselho de administração.
A Solo foi criada na Alemanha em 1948 e hoje possui clientes em todo o mundo, espalhados por mais de 70 países. Além da fábrica em seu país de origem e nos Estados Unidos, possui também linha de montagem na China e centros de distribuição na Nova Zelândia e no Chile.
O momento é de renovação na Jacto após resultados fracos no ano passado. Em 2024, segundo balanço divulgado em abril, a Jacto Máquinas Agrícolas registrou uma queda de 90% em seu lucro líquido, que passou de R$ 431 milhões para R$ 42,4 milhões.
O faturamento também recuou, ainda que em menor intensidade, passando de R$ 3,2 bilhões em 2024 para R$ 2,3 bilhões, queda de 26%.
Em fevereiro passado, a expectativa do CEO da divisão de máquinas agrícolas, Carlos Daniel Haushahn, que assumiu o cargo há menos de um ano, era de que a companhia registrasse números melhores em 2025. Ainda assim, ele não negava que o quadro geral era de dificuldades.
“O mercado depende de preço da commodity, produtividade e taxa de juros. Os preços estão num patamar mediano, a taxa de juros está muito alta e, pelo menos um dos fatores, a produtividade, joga a favor do fabricante de equipamentos”, avaliou em entrevista concedida na época ao AgFeed.
A Jacto também está consolidando a operação da nova fábrica de Pompeia, lançado no ano passado. A unidade, uma das mais modernas do País, é capaz de produzir 60 pulverizadores por dia e a ideia da companhia é que esse volume aumente em até 40% – o projeto mais encaminhado na linha de produção no começo do ano era de uma colhedora de cana-de-açúcar, a Hover 500, que ambiciona enfrentar produtos semelhantes e já estabelecidos de concorrentes como John Deere e Case.
Resumo
- A indústria de máquinas e implementos agrícolas Jacto comprou a alemã Solo Kleinmotoren, especializada na fabricação de pulverizadores. O valor da aquisição não foi divulgado.
- A Jacto vai passar a produzir na Alemanha e nos Estados Unidos, países onde a Solo já tem fábricas
- A Solo possui clientes espalhados por mais de 70 países, além de linha de montagem na China e centros de distribuição no Chile e na Nova Zelândia