A safra de balanços das grandes multinacionais de defensivos agrícolas trazia, até ontem, um repeteco dos últimos trimestres. Resultados fracos, decepção de investidores e previsões reduzidas para o restante do ano.

O anúncio dos resultados da Corteva, entretanto, destoou da concorrência. A companhia americana, que já havia tido um primeiro trimestre positivo, superou as expectativas do mercado com um relatório repleto de dados favoráveis – e também com a indicação de que espera ainda mais até o final de 2025.

Receita líquida, Ebitda e lucro por ação vieram acima do consenso dos analistas. As vendas de US$ 6,46 bilhões, 6% acima do registrado no mesmo período em 2024, ficaram além dos US$ 6,27 bilhões previstos.

O Ebitda cresceu ainda mais (13% na comparação anual) e atingiu US$ 2,16 bilhões, revelando um ganho de margens nas operações.

“No segundo trimestre, o empenho dos agricultores em aproveitar ao máximo cada hectare levou a uma maior demanda por nossas soluções de sementes e proteção de cultivos”, afirmou o CEO da companhia, Chuck Magro, no comunicado de divulgação dos resultados. “Isso resultou em uma expansão impressionante da margem no trimestre.”

Na divisão de sementes, a empresa contou com um reforço do apetite dos produtores americanos no plantio de milho, impulsionado pela expectativa de uma maior demanda da indústria de biocombustíveis nos Estados Unidos.

A receita nesse segmento cresceu 5%, para US$ 4,54 bilhões. E, mais uma vez, o Ebitda foi além, com incremento de 10%, atingindo US$ 1,88 bilhão.

Na divisão de defensivos, a empresa cita uma maior demanda por novos produtos, incluindo fungicidas e biológicos na América Latina como um dos motivos principais para uma elevação de 8% nas receitas.

Apesar de uma pressão maior dos produtores por preços mais competitivos, o Ebitda nessa área ficou 31% superior ao obtido um ano atrás, deixando um resultado de US$ 334 milhões.

Para os investidores, a linha que indica o lucro por ação trouxe uma surpresa agradável. O mercado esperava algo em torno de US$ 1,88, mas a Corteva entregou US$ 2,20.

E a Corteva acredita que, quando o ano terminar, será capaz de superar os US$ 3 por ação, segundo o guidance atualizado pela companhia. Na previsão anterior, a expectativa era ficar entre US$ 2,70 e US$ 2,95.

Isso seria obtido com vendas entre US$ 17,6 bilhões e US$ 17,8 bilhões e Ebitda entre US$ 3,75 bilhões e US$ 3,85 bilhões, ambos também acima do guidance anterior.

A justificativa para o otimismo, na visão da Corteva, estaria na crença de que a demanda global por grãos e oleaginosas deve permanecer alta. Além disso, a empresa disse não esperar impactos, nesses segmentos, do tarifaço americano.

Com a sequência de bons resultados, as ações da empresa têm se valorizado consistentemente na bolsa de Nova York. Este ano, a alta nos papeis da companhia já supera 26%.

Apesar disso, a Corteva informou que pretende manter sua intenção de recomprar US$ 1 bilhão em ações ainda este ano. Um sinal de que está confiante de que os resultados virão.

Resumo

  • A Corteva superou expectativas com receita líquida de US$ 6,46 bilhões (+6% vs. 2024), Ebitda de US$ 2,16 bilhões (+13%) e lucro por ação de US$ 2,20
  • A empresa elevou suas projeções, prevendo lucro acima de US$ 3 por ação, Ebitda entre US$ 3,75 e US$ 3,85 bilhões, e vendas de até US$ 17,8 bilhões
  • As ações da companhia já subiram mais de 26% em 2025, e a companhia planeja recomprar US$ 1 bilhão em papéis