Chapadão do Céu (GO) - No próximo ano, a gigante americana de biotecnologia e insumos agrícolas Corteva deve passar por uma das maiores transformações de sua ainda curta história – a empresa foi formada em 2018, com a fusão dos negócios agrícolas da Dow e da Du Pont.

Em um movimento estratégico, a companhia anunciou em setembro que vai promover a cisão das suas divisões de insumos e de sementes, que passarão a funcionar como negócios apartados. Para a área de sementes, que atenderá pelo nome SpinCo, será o momento de mostrar que está pronto para aproveitar o embalo e repetir o bom desempenho obtido nos últimos meses.

O negócio de sementes já vinha ganhando relevância cada vez maior na Corteva, especialmente na América Latina. Pelo menos, é o que apontam os números divulgados pela companhia em seu último balanço, do terceiro trimestre de 2025.

Em relação ao mesmo período do ano passado, as vendas líquidas do segmento de sementes da Corteva cresceram mais de 30%, e passaram dos US$ 900 milhões no mundo inteiro.

Na segmentação geográfica feita pela companhia, a América Latina teve o melhor desempenho, com aumento de quase 80% nas vendas no comparativo anual, perto de atingir os US$ 400 milhões somente entre julho e setembro.

Por trás dos números positivos está uma estratégia vencedora de distribuição da tecnologia desenvolvida nos laboratórios da companhia junto a parceiros locais. No Brasil, a multinacional mantém acordos com cerca de 170 multiplicadores de sementes nas mais diversas regiões. E tem apostado nessa relação.

Ao longo desta semana, por exemplo, a empresa convidou jornalistas para conhecer a operação e clientes de um dos maiores entre esses parceiros, a Uniggel, que tem atuação principalmente no Centro-Oeste, é uma das maiores do país neste segmento.

“A Uniggel está entre os cinco maiores parceiros que temos no País”, conta João Braga, líder comercial de Licenciamento da Corteva no Brasil e no Paraguai, para culturas de soja e algodão.

“Essas cinco parceiras entregam 50% do volume total de sementes para os produtores que atendemos”, destaca, ressaltando a relevância da parceria

A Uniggel tem sete unidades espalhadas por Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins, e mais duas que atuam de forma terceirizada.

“A nossa unidade do Tocantins atende inclusive produtores da região Nordeste, mas estamos muito focados aqui na região, onde temos mais unidades”, conta Helder Leão, gestor de Portfólio e Desenvolvimento de Mercado da Uniggel, referindo-se aos estados do Centro-Oeste.

A empresa mantém uma área total de 180 mil hectares para produção de sementes, principalmente de soja. Leão conta que a produção por safra é de 2,5 milhões de sacas de sementes, que se transformam em 1,5 milhão de hectares de área produtiva.

O processo começa na Corteva, que chega a investir 15 anos no desenvolvimento de uma nova variação de semente de soja, segundo relata João Braga.

“Nós entregamos um punhado de sementes para as multiplicadoras como a Uniggel, que fazem seus próprios testes, para viabilizar o volume necessário para atender os produtores”, conta Braga.

O ponto principal, segundo os representantes das duas empresas, é a qualidade das sementes. A regulação brasileira exige que o índice mínimo de germinação das sementes de soja seja de 80%.

No entanto, segundo Braga, o nível de exigência do produtor é maior. “Hoje, o produtor não aceita menos de 92% de germinação”. Ou seja, a cada 100 sementes plantadas, pelo menos 92 precisam se desenvolver para que o resultado seja considerado bom pelo produtor.

Para isso, a Uniggel tem uma estrutura própria para testar a qualidade das sementes na hora de multiplicá-las. “Fazemos cerca de 30 testes, entre laboratório e campo”, relata João Marcelo Nunes Rocha, gerente geral de Produção da Uniggel no Centro-Oeste.

Uma das etapas mais importantes é o armazenamento e transporte das sementes. A Uniggel conta com estruturas com temperatura controlada, que não passam de 14°C. “Assim, nós diminuímos o metabolismo das sementes e elas chegam até o produtor com maior vigor, mais produtivas”, diz Rocha.

A Uniggel tem atualmente um portfólio com cerca de 50 cultivares de soja, ou seja, variedades que podem se adaptar às condições de cada fazenda ou até mesmo de cada talhão. “E todo ano, nós tiramos cinco ou seis variedades e incluímos outras cinco ou seis. É um desafio e uma evolução constantes”, afirma Helder Leão.

O jornalista viajou a convite da Corteva.

Resumo

  • Corteva prepara a cisão da divisão de sementes em 2026, após forte crescimento global e alta de quase 80% nas vendas na América Latina
  • Rede de 170 multiplicadores — entre eles a Uniggel, responsável por grande volume — garante escala e qualidade das sementes de soja
  • Uniggel opera 180 mil ha, produz 2,5 mi de sacas por safra e mantém rigorosos testes e armazenamento controlado para garantir germinação acima de 92%