O ano de 2025 vai chegando ao fim com a sensação de que tivemos vitórias no campo, é verdade, mas muitos desafios do setor ainda permanecem.

Nesse último artigo do ano quero começar destacando alguns pontos positivos cruciais como a derrubada da maior parte dos vetos à nova lei de licenciamento ambiental e a aprovação recente, no Senado Federal, da PEC que trata do marco temporal na demarcação de terras indígenas.

Nós produtores estamos muito conscientes sobre o desafio das mudanças climáticas e sabemos o nosso papel de seguir ajudando a preservar os recursos naturais, ao mesmo tempo em que garantimos uma maior oferta de alimentos para o planeta.

Por isso, é preciso dizer que quem acredita que a criação de uma lei específica para o licenciamento ambiental seja uma forma de contrariar o respeito ao meio ambiente, na verdade, desconhece a realidade vivida no interior do Brasil.

Há processos de licenciamento ambiental parados há anos em órgãos regionais em meio ao excesso de burocracia, falta de estrutura e carência de capacidade técnica, que se traduzem em morosidade.

A nova lei vai flexibilizar etapas, não só para produtor rural, mas até para projetos que envolvem quilombolas, indígenas e o saneamento, tema ainda muito importante para o Brasil.

O produtor sabe que não pode fazer nada errado na sua fazenda, temos monitoramento por satélite, estamos comprometidos com o meio ambiente. Mas agora ele poderá fazer pequenas ampliações de estruturas rurais, a manutenção de estradas vicinais, já que muitos municípios não tem estrutura para isso ou até projetos de irrigação de baixa escala.

Temos que ter um equilíbrio e uma responsabilidade muito grande no que se refere ao licenciamento ambiental, para seguir preservando os nossos recursos naturais. E vamos fazer isso, não tenho dúvida.

Na questão indígena, foi muito triste acompanhar, no fim de outubro, a invasão de uma fazenda em Caarapó (MS), com a destruição das plantações e uma turma ateando fogo nos maquinários. Sabemos que Mato Grosso do Sul ainda tem pelo menos 100 propriedades invadidas por manifestantes ligados aos povos indígenas.

A fazenda é a nossa casa. Imagine você estar na sua casa, que pertence a sua família há duas ou três gerações e ser surpreendido por uma situação dessas.

Esses milhares de produtores rurais adquiram suas terras no passado de uma maneira legal, muitas vezes até incentivados por programas de governo. Não é justo que sejam expulsos desta forma.

Por isso essa aprovação do marco temporal na demarcação das terras indígenas no Congresso Nacional é muito importante.

Mas, como costumo dizer, o “gigante” de mais uma safra recorde continuará enfrentando os desafios “gigantes” em 2026.

É preciso que a lei seja sancionada pela Presidência da República e também que o STF confirme a segurança jurídica ao produtor rural. Decisões que ficaram para o próximo ano.

A COP 30, onde a nossa Embrapa, no auge dos seus 51 anos, conseguiu mostrar ao público presente as técnicas avançadas e sustentáveis do produtor rural brasileiro, fica também como um importante ponto positivo do ano que termina.

Na logística, avançamos com novos investimentos para que seja viabilizada a Rota Transoceânica ou Corredor Bioceânico. É um projeto estratégico que liga o Brasil ao Chile (Oceano Pacífico) através do Paraguai e Argentina, encurtando a viagem para a Ásia em até 17 dias. Será um grande benefício para produtores de estados como Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Por outro lado, segue a sensação de que a fundamental obra da Ferrogrão, na direção Norte do País, continua muito travada. Até quando?

Enfim, o importante é que, enquanto isso, nós produtores seguiremos com muita fé e disposição para trabalhar, caminhando em busca de um agro cada vez mais produtivo, pujante e sustentável. Que venha 2026.

Teresa Cristina (Teka) Vendramini é fazendeira, socióloga e conselheira da Embrapa. É ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB).