No mercado agro, onde cada saca a mais por hectare vale muito, tecnologia de ponta virou um aliado. Nesse meandro, a Smart Sensing, empresa de Piracicaba (SP), decidiu virar a chave, ou melhor, o bico do pulverizador.
Conhecida por comercializar no Brasil os sensores Weed-It, que detectam e aplicam herbicidas apenas onde há plantas daninhas, a empresa está lançando uma nova frente: a prestação de serviços de pulverização de precisão.
A ideia é simples: ao invés de somente revender o equipamento com tecnologia holandesa, numa compra de cerca de R$ 1,5 milhão por produto, a companhia vai oferecer o uso do dispositivo para o produtor, cobrando por hectare aplicado.
A nova vertical fará com que a Smart Sensing atinja o mercado de pequenos e médios produtores, segundo contou ao AgFeed Marcos Ferraz, diretor comercial da empresa.
Ferraz acredita que o ticket do Weed-It não é viável para o pequeno produtor, e que por ter uma área pequena, o investimento não se paga rapidamente. “Por mais que a máquina performe, ela acaba sendo subutilizada. Hoje não temos tanta entrada nesse perfil, pois nos grandes, o investimento se paga em menos de um ano”, diz o executivo.
A nova vertical deve trazer um faturamento de R$ 5 milhões em seus cálculos para esse ano. O número ainda é pequeno comparado à projeção de receita de R$ 100 milhões em 2025, um avanço de 30% frente a 2024.
Criada em 2017 em Piracicaba, a Smart Sensing nasceu no laboratório de agricultura de precisão da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) na intenção de ser uma consultoria para ajudar empresas, tanto de insumos quanto de máquinas, a colocarem tecnologia na agricultura por meio de softwares e equipamentos.
Ao passar dos anos, a companhia conheceu a tecnologia Weed-It em aplicações na Austrália, onde os agricultores sofrem com o excesso de plantas daninhas, uma realidade parecida com a brasileira.
Com isso, desde o primeiro dia atuando como comercializador do Weed-It por aqui a companhia já contava com clientes. Marcos Ferraz calcula que hoje a tecnologia já está presente em 5 milhões de hectares brasileiros, espalhados por grandes produtores, como a SLC Agrícola.
No mix da carteira, 90% são grandes produtores e 10% são pequenos e médios. Com a nova vertical, essa relação tende a se inverter, segundo Ferraz.
“Estruturando a vertical de prestação de serviços, podemos mais que dobrar nosso mercado. Hoje uma máquina com a tecnologia faz 20 mil hectares por ano. Para atingir o mesmo patamar com o pequeno precisamos juntar uns 50 produtores, esse é o potencial de aumentar a base de clientes”, afirmou.
Tudo ainda depende da estruturação da área recém-criada. “Vamos caminhar em passos cautelosos. A empresa nunca foi muito alavancada, sempre foi crescendo de maneira orgânica”. Ferraz conta que hoje a Smart Sensing conta com quatro equipamentos para a vertical: duas em Mato Grosso, uma em Goiás e outra na Bahia.
A unidade baiana foi levada para a Bahia Farm Show, que está sendo realizada nesta semana em Luís Eduardo Magalhães (BA), de onde Ferraz conversou com a reportagem do AgFeed. Pela presença dos grandes produtores por lá, o foco também está na venda direta do Weed-It, onde já conta com clientes.
“Essa quarta máquina nossa vai ficar por aqui para fomentar o serviço e as vendas na região. Divulgando a tecnologia, mais pessoas conhecem e compram, ao mesmo tempo que pequenos e médios agricultores podem virar consumidores”, disse.Em cinco anos, a SmartSensing pretende ter de 15 a 20 máquinas nesse modelo de serviços.
Para chegar nos produtores, a empresa já conta com representantes técnicos em diversos polos do agro. Além de Luís Eduardo Magalhães, em Balsas (MA), Rio Verde (GO), Nova Mutum (MT), Campo Novo dos Parecis (MT) e Rondonópolis (MT). A ideia com a vertical de serviços é crescer também para os estados do Paraná e Rio Grande do Sul.
Resumo
- Smart Sensing estreia na prestação de serviços com o uso da tecnologia WEED-IT para pulverização de precisão, visando atingir pequenos e médios produtores com cobrança por hectare.
- A nova vertical deve adicionar R$ 5 milhões ao faturamento da empresa, que projeta alcançar R$ 100 milhões em 2025 com a venda de cerca de 50 equipamentos.
- Com quatro máquinas em operação e planos de expansão, a empresa quer ampliar presença nos estados do Sul e dobrar a base de clientes ao tornar a tecnologia acessível a produtores com menores áreas.