Luís Eduardo Magalhães (BA) - Aberta ao público nesta terça-feira, 11 de junho, a Bahia Farm Show, maior feira agrícola do Nordeste, mostrou, no seu primeiro dia, que os agricultores da região estão preocupados com o futuro sustentável de seus negócios.

Além dos estandes expondo produtos e serviços de centenas de empresas, a programação da feira, organizada pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), foi marcada pela preocupação com a conservação do Aquífero Urucaia, imenso reservatório de água doce, com área superior a 140 mil quilômetros quadrados, encravado abaixo do solo e utilizado para suprir os sistemas de agricultura irrigada na região.

“Nós fomos até Nebraska (estado norte-americano referência global em agricultura irrigada), e vimos uma área de 3,8 milhões de hectares com sistemas irrigados. Aqui no oeste baiano, temos 250 mil hectares. E lá chove metade do volume que chove aqui”, conta Júlio Busato, um dos mais importantes produtores de algodão da Bahia.

Ele participou de um sobre a relação da irrigação e o aquífero, que tem merecido especial atenção da Aiba. A entidade, que reúne alguns dos maiores agricultores locais, fechou uma parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para monitorar o aquífero e medir seu potencial hídrico.

Segundo o pesquisador da UFV Everardo Mantovani, é preciso desmistificar alguns conceitos que são levantados sobre a cultura irrigada.

“Nosso objetivo é que os dados sobre o monitoramento do Aquífero Urucuia sejam públicos, para que todos possam acompanhar e, assim, acabar com a história de que a irrigação acaba com a água de um sistema hídrico”, afirma Mantovani.

O objetivo do monitoramento é exatamente mostrar que os sistemas irrigados não afetam os níveis dos rios e a vazão do aquífero, que permite a perenidade de vários rios da região do Matopiba, inclusive o São Francisco.

Outro destaque do primeiro dia do evento foi o lançamento, pelo governo baiano, do Plano ABC+ Bahia, com o objetivo de incentivar a adoção de boas práticas de produção sustentável no Estado.

Apresentado com a presença do governador Jerônimo Rodrigues, o plano – que está inserido dentro do programa nacional ABC+ – tem como objetivo reduzir, até 2030, a emissão de carbono em 1,1 bilhão de toneladas.

Otimismo moderado

Assim como aconteceu na Agrishow, em Ribeirão Preto, em São Paulo, e na Tecnoshow Comigo, na cidade de Rio Verde, em Goiás, os organizadores da Bahia Farm Show evitam fazer projeções sobre o volume de negócios na feira.

No primeiro dia, a sensação era de público abaixo da capacidade na área de exposições. No entanto, Luiz Pradella, coordenador do evento, diz que a expectativa é superar os valores movimentados em 2023, que chegaram a R$ 8,2 bilhões.

“Sentimos que há um maior otimismo em relação ao ano passado, as perspectivas são melhores. Por isso acreditamos que é possível superar os valores de 2023”, afirma Pradella.

Um dos indicativos oferecidos pelo coordenador da feira é o número de expositores, que chegaram a 434 em 2024, ante 412 no ano passado.

“Nós aumentamos em 9% a área da feira, que está com 246 mil metros quadrados. Vendemos todos os espaços, o que demonstra a relevância da feira para as empresas do setor, e outras relacionadas, como o setor automotivo”, afirma Pradella.

Realmente, ao entrar na feira, o visitante facilmente pode perceber a relevância das montadoras de automóveis. O primeiro corredor da Bahia Farm Show é praticamente todo tomado pelos carros expostos, especialmente SUVs e caminhonetes.

Mas não são somente automóveis que são oferecidos na feira realizada em uma cidade que cresceu rapidamente em renda com o avanço do agronegócio. A Avantto, empresa de compartilhamento de aeronaves, montou um stand na Bahia Farm Show.