Cascavel (PR) - A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, mantém o silêncio quando questionada sobre a demanda do crédito agrícola. Ela não dá pistas sobre como será a equalização para que a instituição financeira ofereça recursos subsidiados ao produtor rural no próximo plano safra, com uma Selic caminhando para 15% ao ano.
A executiva visitou nesta quinta-feira, 13 de fevereiro, o Show Rural Coopavel e usou o argumento de que o BB está em período de silêncio e que não pode dar qualquer declaração conjuntural até a divulgação dos resultados financeiros do banco, na próxima semana.
Já o vice-presidente de Agronegócios do BB, Luiz Gustavo Lage, abre o braço e sorri quando questionado pelo AgFeed sobre o mesmo tema, de como oferecer juros condizentes diante da curva de alta da taxa básica de juros.
“Estamos estudando, como vai ser. É difícil, mas o governo está trabalhando um desenho”, afirmou Lage.
Segundo ele, as atuais linhas de crédito oferecidas em um patamar de juros de uma Selic de 10,5% ao ano, ante os atuais 13,25%, têm atraído produtores rurais para as linhas de crédito do Plano Safra 2024/2025 ainda disponíveis.
“O Plano da Safra (atual) veio num patamar lá atrás que tinha um outro cenário, isso está sendo positivo, e a gente está otimista”, resumiu o vice-presidente de Agronegócios do BB.
Na quarta-feira, 12 de fevereiro, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR), afirmou que a bancada ruralista antecipou as negociações com o governo em busca de uma saída para o financiamento público do Plano Safra, a ser lançado em junho.
Lupion disse que o governo “está perdido” e que “não há espaço fiscal e nem dinheiro para equalizar uma Selic perto de 15%” para uma demanda de juros do setor produtivo abaixo de dois dígitos.
“Estamos começando a negociar agora já em fevereiro, porque lá em junho e julho a gente vai ter que anunciar alguma coisa de Plano Safra, mas hoje o governo está completamente perdido nesse sentido”, disse.
No Show Rural Coopavel, que termina amanhã em Cascavel (PR), o BB espera acolher R$ 2 bilhões em propostas, aumento de 17,6% em relação à edição de 2024. O banco estatal já desembolsou R$ 147,4 bilhões na safra 2024/2025 até janeiro deste ano, volume em linha com o realizado no mesmo período da safra anterior.
“A demanda está boa, a gente já superou o ano passado em toda parte de acolhimento das propostas, um desempenho importante”, completou Lage.