A EUDR, regulamentação antidesmatamento da União Europeia prevista para entrar em vigor no final de 2025, pode ser adiada por mais um ano.

Essa possibilidade foi admitida na manhã desta terça-feira, 23 de setembro, por Jessica Rosswall, comissária de Meio Ambiente da UE, em entrevista concedida a jornalistas em Bruxelas.

O motivo alegado por ela é a dificuldade de implementação dos sistemas de tecnologia da informação (TI) necessários para fazer o processamento e o acompanhamento do cumprimento das novas regras.

Se confirmado, o adiamento seria o segundo a retardar o início da aplicação da EUDR. Inicialmente, as regras – que exigem rastreabilidade de todos os produtos importados pelo bloco, comprovando que eles não estão ligados a desmatamento – deveriam ter entrado em vigor em dezembro de 2024, mas foram postergadas a pedido de alguns estados membros da UE, que demandavam mais tempo para se adequarem à legislação.

"Estamos preocupados com o sistema de TI, dada a quantidade de informações que colocamos nele... Isso também nos dará tempo para analisar os diferentes riscos", disse Rosswall.

Segundo a comissária, a necessária sofisticação e robustez dos sistemas tornou-se um entrave, nesse momento, ao bom andamento dos negócios e poderia causar danos às empresas envolvidas e ao fornecimento de produtos aos consumidores europeus.

“Apesar dos nossos esforços em termos de simplificação, não podemos fazer isso sem causar disrupção para as empresas e as cadeias de suprimentos”, afirmou.

As declarações de Rosswall chegam em um momento em que as pressões voltam a se intensificar contra a EUDR, dentro e fora da Europa. Países produtores de commodities como soja, palma e carnes e normalmente relacionados ao desmatamento, como Brasil e Indonésia, tem alegado dificuldades em atender a todas as exigências, até mesmo por falta de informações mais detalhadas sobre como fazê-lo.

Outro grande exportador para a EU, os Estados Unidos também têm feito demandas junto ao bloco, em uma tentativa de agradar a produtores agrícolas e a setores industriais americanos que poderiam ser atingidos pelas novas regras ambientais.

O presidente Dos EUA, Donald Trump, havia colocado a discussão de possíveis isenções para alguns segmentos como uma das exigências para firmar um acordo comercial com a UE.

Já no âmbito do próprio bloco, países como Polônia e Áustria alegam que os agricultores europeus não têm como cumprir as regras de rastreabilidade impostas na EUDR.

 

Resumo

  • União Europeia avalia adiar para 2026 a aplicação da EUDR, alegando dificuldades para implementar sistemas de TI
  • Regras que exigem rastreabilidade de produtos importados para garantir origem livre de desmatamento já haviam sido adiadas de 2024 para 2025
  • Países exportadores como Brasil e EUA pressionam por ajustes nas regras europeias, que consideram complexas e difíceis de serem cumpridas