Um dos setores mais avançados e de maior crescimento do País, o agronegócio ainda esbarra na falta de mão-de-obra qualificada. Para tentar romper esse gargalo, uma parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) busca qualificar profissionais com a criação de oito centros de excelência em municípios paulistas.

De Ribeirão Preto, conhecida como a capital brasileira do agronegócio, à capital paulista, passando por São Roque, Jaguariúna, Avaré, Mirante do Paranapanema e São José do Rio Preto, a parceria prevê cursos específicos para as áreas mais carentes.

Os investimentos previstos não foram revelados, mas alguns cursos já começaram antes mesmo de as obras físicas das unidades ficarem prontas.

É o caso de Ribeirão Preto. Com a inauguração prevista para o primeiro trimestre de 2026, o Centro de Bionergia do Senar/Faesp. Com uma área construída de 4,4 mil metros quadrados ao lado do aeroporto local, o centro formará as primeiras turmas em agricultura e agronegócio este ano.

Segundo o gerente do Senar Jair Kaczinski, entre o projeto, a implantação e a finalização do centro, as ações foram ampliadas e as opções de cursos se tornaram mais específicas. É o caso do curso técnico em cana-de-açúcar, principal cultura daquela região, já aprovado no Ministério da Educação.

“Até foi colocado que seria um centro de excelência da cultura da cana. Mas a questão da cultura da cana, hoje, é só uma parte do que é produzido. A gente tem a questão do biodiesel, o próprio SAF e o etanol de milho”, disse Kaczinski. “Então, todo esse conhecimento, toda essa parte expertise, a gente vai colocar lá em Ribeirão Preto”, disse.

Segundo o executivo, não haverá conflito entre o fato de o município paulista sediar o principal centro público de pesquisa em cana do país, do Instituto Agronômico, e a construção do centro pelas duas entidades.

“O nosso gargalo é a parte educacional, não é a planta, é a pessoa. O nosso foco é o vácuo que temos de pessoas qualificadas”. A previsão é que as novas turmas abertas no próximo ano tenham pelo menos 300 alunos.

Outro centro de excelência previsto para o primeiro semestre de 2026 é o de São Roque. O local escolhido é uma parte de uma propriedade do ex-presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Fiesp) Mario Amato.

Com 5,5 mil metros quadrados de construção e perfil diferente da unidade de Ribeirão Preto, a unidade será um polo de ensino das novas tecnologias aplicadas à agricultura, como big data, inteligência artificial e drones, sempre voltadas ao pequeno produtor.

“Na construção está prevista a utilização para uma feira do produtor rural e o turismo rural. Então, agregaremos uma série de itens para gerar renda para o pequeno produtor”, explicou o gerente do Senar.

Resolver vários gargalos do agronegócio é o que pretende a unidade de Jaguariúna (SP), ainda em projeto. Além de formar técnicos, o centro terá como foco a irrigação e o processo de recomposição de áreas nas propriedades para a preservação e obtenção de água. A área prevista está em negociação com a prefeitura local e tem uma parte de reserva.

“Além da irrigação, também queremos ter viveiros de mudas para recomposição de APPs. A questão da água já é um fator limitante, um problema hoje na maioria das propriedades”, afirmou Kaczinski.

Outros centros em projeto estão em Avaré, com foco na agroindústria e na pecuária leiteira e de corte e frutas, em Mirante do Paranapanema, com o perfil de atender a demanda de família assentadas - são mais de 3 mil no Estado e a maioria na região - em Miracatu, com cursos para atender culturas como banana, cacau e pupunha, e São José do Rio Preto, com prioridades para a capacitação em heveicultura, cacau e bovinocultura.

Até mesmo o maior aglomerado urbano da América do Sul deve ter uma unidade de educação para o agronegócio da parceria entre Faesp e Senar. São Paulo e seu entorno têm vários pontos de agricultura, principalmente de hortaliças, focos do Centro de Excelência em Agricultura Urbana, também terá parceria com a prefeitura da capital paulista.

A proposta é capacitar produtores locais e pessoas em situação de vulnerabilidade social e estimular a criação de hortas comunitárias e no teto de grandes em imóveis, como shoppings Segundo o gerente do Senar, além da produção, os cursos pretendem atender pessoas também para tratar com os resíduos de alimentos.

“É importante a gente ter em mente evitar o desperdício. E, se houver, como você pode aproveitar para um biogás, ou comercializar a matéria orgânica para plantas em vaso. Então, é todo um conceito que a gente vai desenvolver e implantar”, concluiu.

Resumo

  • Parceria entre Faesp e Senar propõe a abertura de oito centros de excelência em cidades paulistas, como Ribeirão Preto, São Roque e Jaguariúna.
  • Cada unidade Unidades terá foco na qualificação de profissionais para áreas específicas, como bioenergia, tecnologias agrícolas, irrigação e agricultura urbana
  • Objetivo é preencher lacuna de mão de obra para impulsionar diferentes segmentos do agronegócio paulista.