O ano começou com 872 empresas ativas atuando na produção e importação de fertilizantes no Brasil. Desse total, 129 companhias passaram a operar no setor nos últimos quatro anos, ou seja, um crescimento de 17,4% entre 2020 e 2024.

Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), que começou representando as fabricantes de fertilizantes especiais, mas hoje já contempla outros segmentos, incluindo bioinsumos.

Segundo a Abisolo, a maioria das novas entrantes é de organominerais e orgânicos, reflexo da crescente demanda por tecnologias alinhadas à sustentabilidade e ao uso eficiente dos recursos.

“Apesar de ser uma tecnologia consolidada, os fertilizantes orgânicos ou com base orgânica, com aprimoramento da legislação e das pesquisas, passaram a ter uso mais nobre e esses insumos passaram a ser mais utilizados”, afirmou ao AgFeed Clorialdo Roberto Levrero, presidente da Abisolo.

O levantamento revela ainda que mais de 75% das empresas iniciaram suas atividades após o ano 2000, o que, na visão da entidade, é mais um sinal do perfil voltado à inovação nessa indústria.

Segundo Levrero, um fator de fomento ao setor e o para o nascimento de novas empresas é o consumidor cada vez mais exigente.

“Esse consumidor demanda cada vez mais tecnologia e sustentabilidade nas lavouras e, consequentemente, ajuda no crescimento”, explicou Levrero.

Na outra ponta, a farta matéria-prima básica para fertilizantes, principalmente a oriunda de criação de animais e processamento das indústrias, também é combustível para o surgimento de novas empresas no setor, segundo o presidente da Abisolo.

Levrero cita como exemplos de fontes de matéria orgânica as granjas de frangos e suínos, os confinamentos e até mesmo as usinas de beneficiamento de grãos e processamento de cana-de-açúcar.

“Subprodutos das indústrias alimentícias e de usinas são utilizados como fertilizantes e ajudam a criar as pequenas empresas”, disse.

Além dos dados sobre as novas empresas, o mapeamento da Abisolo aponta que a maioria das indústrias do setor está nas regiões Sudeste (50,6%) e Sul (28%), com 34,7% dos estabelecimentos do país no Estado de São Paulo.

De acordo com o levantamento, 718 empresas atuam com fertilizantes minerais, 388 com organominerais, 476 com orgânicos e 11 com biofertilizantes.

Das 872 companhias, 687 têm produtos para aplicação via solo, 547 foliar, 126 via sementes, 160 via fertirrigação e 31 via hidroponia. Esses números demonstram a capacidade do setor em oferecer soluções adaptadas às diferentes realidades do campo.

Dois dígitos

Dados da Abisolo apontam que o mercado de fertilizantes especiais cresceu 18,9% em 2024 e o faturamento atingiu R$ 26,9 bilhões.

Os fertilizantes minerais, responsáveis pela maior parte desse mercado, foram os responsáveis por praticamente todo o avanço setorial no ano passado, com crescimento de 30,7%. Os biofertilizantes cresceram 1,4%, mas os fertilizantes organominerais recuaram 19,7% e os orgânicos, 44%.

Para o presidente da Abisolo, o cenário para 2025 é semelhante, com crescimento de dois dígitos no setor de fertilizantes especiais, com o clima mais favorável à produção agrícola e aos investimentos em insumos.

“Além das variedades, os fertilizantes especiais são uma das principais alternativas que amenizam as incertezas climáticas e o produtor tem ampliado as áreas de uso dos produtos”.

Os freios do crescimento, segundo Levrero, devem vir da dificuldade de crédito para os produtores, com a alta nos juros, e da incerteza geopolítica global.

Resumo

  • O Brasil tem hoje 872 empresas ativas no setor de fertilizantes. Deste total, 129 passaram a operar nos últimos 4 anos
  • A maior parte das empresas em operação atua com fertilizantes minerais, mas os orgânicos se destacam entre os novos entrantes
  • O mercado de fertilizantes especiais cresceu 18,9% em 2024 e o faturamento atingiu R$ 26,9 bilhões