Os reflexos do clima adverso em regiões produtoras, sobretudo no Centro-Oeste, foram mais uma vez registrados pelo levantamento de acompanhamento de safra realizado pela Companha Nacional de Abastecimento (Conab).
No seu sexto boletim referente à safra 2023/2024, a estatal revisou mais uma vez para baixo as estimativas de produção para as principais culturas brasileiras, com destaque para a soja, que domina os plantios de verão e já avança na colheita na maior parte dos estados.
Segundo a Conab, os agricultores brasileiros devem colher um total de 295,6 milhões de toneladas, uma redução de 7,6% (o que equivale a 24,2 milhões de toneladas) em relação ao resultado final do ciclo 2022/2023.
Para a soja, a Conab estima agora uma colheita de 146,9 milhões de toneladas, 5% abaixo à safra passada. O novo número representa uma redução de 2,5 milhões de toneladas em relação ao levantamento anterior, divulgado em fevereiro, e 15,5 milhões a menos se comparado com a previsão no início da safra (162,4 milhões).
Com os novos dados, a Conab se coloca em uma posição intermediária entre as diferentes projeções feitas por entidades e consultorias. Os levantamentos da estatal foram alvo de crítica de associações de produtores, sobretudo a Aprosoja, que questionou a metodologia empregada, afirmando que ela não refletiria a realidade das lavouras.
A própria Aprosoja Brasil divulgou, então, uma estimativa própria, feita a partir de dados de suas regionais. Até o momento, os 135 milhões de toneladas estimados pela entidade são a projeção mais pessimista já divulgada.
Entre as consultorias privadas, a maior parte se concentra na faixa dos 150 milhões de toneladas de soja. A exceção é a Pátria Agronegócios, com 143,18 milhões. Safras & Mercado e Cogo Inteligência em Agronegócio preveem volume um pouco abaixo de 150 milhões e a Agroconsult, 152,2 milhões de toneladas.
Todas elas fizeram cortes também sobre as projeções iniciais. Na semana passada, a StoneX, que também vinha corrigindo números para baixo, deu uma guinada e estimou a safra em 151,5 milhões de toneladas, acima dos 150,3 milhões previstos em janeiro.
Isso indicaria que a consultoria acreditava que as condições climáticas do fim da safra haviam melhorado, reduzindo um pouco as perdas na produtividade.
Outras culturas
Para a Conab, as condições adversas de clima impactaram também a produção de milho e trigo, mas podem ter contribuído para um significativo aumento da área cultivada com algodão.
No milho, a nova expectativa da estatal é de uma produção anual de 112,7 milhões de toneladas, uma redução de 12,7% em relação à projeção anterior. Na primeira safra, a estimativa é de 23,4 milhões de toneladas, 14,5% inferior ao obtido no último ciclo de cultivo.
No trigo, as projeções apontam para uma queda de 611,9 mil toneladas na produção, frustrando a expectativa de uma colheita superior a 10 milhões de toneladas – segundo a Conab, o total deve ficar em 9,6 milhões
Para o algodão, a Conab registra um expressivo aumento de 16,9% na área cultivada e avalia que as condições climáticas têm sido favoráveis. Com isso, seriam quase 2 milhões de hectares destinados à cultura na atual safra, que permitiriam uma produção estimada em 3,56 milhões de toneladas.