China suspende compra de frango do Brasil após detecção de primeiro caso de gripe aviária em granja comercial

O Brasil amanheceu nesta sexta-feira, 16 de maio, com uma notícia preocupante: foi detectado o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no País. O caso ocorreu em um estabelecimento do município de Montenegro (RS), informou o Ministério da Agricultura e Pecuária, que decretou estado de emergência zoosanitária por 60 dias.

O anúncio provocou reações imediatas, tanto internas quanto externas. A China, um dos principais importadores do produto nacional, por exemplo, suspendeu automaticamente a comprar carne de frango brasileira pelo mesmo período, segundo informou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, a jornalistas nesta sexta-feira.

“A partir de hoje, por 60 dias, a China não estará comprando carne do frango brasileiro”, disse Fávaro. O país oriental é o destino de pouco mais de 10%, em volume e receita, das vendas externas brasileiras de carnes de frangos, segundo dados da associação Brasileira de Proteina Animal.

No ano passado, o total das exportações do segmento atingiu perto de 5,3 milhões de toneladas, gerando US$ 9,9 bilhões em receitas. Para a China foram embarcadas 562 mil toneladas, cotadas a US$ 1,28 bilhão.

O ministro explicou que, em casos do tipo, o Brasil fez tratados sanitários com países como Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, para que a exportação seja interrompida apenas nas localidades onde foi registrada a doença.

"Fica restrito primeiro ao estado que teve o foco, no caso do Rio Grande do Sul, e depois se restringe apenas ao município. O restante do Brasil continua com o fluxo comercial normal", afirmou. "Mas em outros países, como a China, nós estamos com o protocolo ainda restringindo o país todo", afirmou Fávaro, que espera que o processo dure como um todo entre 28 e 60 dias.

O ministro disse ainda que, nas “próximas horas” desta sexta-feira, a pasta iria conseguir dimensionar o impacto financeiro da queda do consumo e venda de carne de frango.

O Ministério da Agricultura não informou a quem pertence a granja atingida pela vírus. Na cidade de Montenegro, há a presença de pelo menos duas grandes empresas do setor: a JBS, que tem uma unidade na cidade que, no passado, pertencia à antiga Frangosul, e o Vibra, que tem um centro de serviço compartilhado e centro de inovação no município.

O vírus da gripe aviária nunca tinha sido registrado em granjas comerciais no Brasil até então e vem circulando desde 2006 em diferentes partes do mundo, principalmente na Ásia, África e norte da Europa. Sua primeira aparição em aves, no entanto, foi mais antiga, com o primeiro caso tendo sido registrado na China, em 1996.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) emitiu uma nota, em conjunto com a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), informando que está apoiando o Ministério da Agricultura e Pecuária e a Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul no processo, que "todas as medidas necessárias para o contingenciamento da situação foram rapidamente adotadas" e que "a situação está sob controle e monitoramento dos órgãos governamentais".

"Ao mesmo tempo, as entidades confiam na rapidez das tratativas que serão adotadas pelo Ministério e pela Secretaria em todos os níveis, de tal forma que qualquer efeito decorrente da situação seja solucionado no menor prazo possível."

De acordo com a Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, houve um primeiro atendimento à suspeita do vírus no começo desta semana, no dia 12 de maio. Amostras foram coletadas e enviadas a um laboratório em Campinas (SP), que confirmou diagnóstico positivo do vírus H5N1.

O Ministério da Agricultura medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência já começaram a ser feitas, não somente para debelar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor.

O ministério também informou que está fazendo a comunicação oficial às cadeias produtivas envolvidas, à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), ao Ministério da Saúde e Ministério do Meio Ambiente, e aos parceiros comerciais do Brasil.