A perspectiva de safra menor em 2024 não afeta os planos de expansão da Portos do Paraná, que administra os portos de Paranaguá e Antonina, na região Sul do País, que vem batendo recordes consecutivos de movimentação, com destaque para a exportação de grãos e outras commodities agrícolas.

Em janeiro, por exemplo, o volume movimentado foi 20% maior em comparação ao mesmo período do ano passado. Já em fevereiro o avanço foi menor, de 5%, mas ainda assim representou uma movimentação recorde de 5,4 milhões de toneladas, “melhor número da história para o segundo mês do ano”, segundo a administração dos portos de Antonina e Paranaguá.

Para manter o ritmo de crescimento, serão investidos quase R$ 2 bilhões em obras de infraestrutura e melhorias dos terminais – incluindo R$ 1 bilhão para ampliar a capacidade de armazenagem, R$ 403 milhões para a remoção do assoreamento dos canais de acesso, nos próximos cinco anos, e a construção de uma mega ferrovia (Moegão), orçada em R$ 592 milhões, que vai centralizar a descarga dos trens que chegam ao Porto de Paranaguá.

“O ano de 2023 foi muito melhor que a nossa expectativa e as obras que estão sendo realizadas vão permitir que o porto mantenha o mesmo ritmo em 2024, mesmo com a expectativa de quebra de safra”, afirmou Gabriel Vieira, diretor de Operações da Portos do Paraná, em entrevista ao AgFeed. “Vamos nos manter entre os três maiores portos em movimentação do País e seguir crescendo”, acrescentou.

Recuperado de um incêndio que atingiu o TC5, que abastece o berço 214, em fevereiro deste ano, o porto deve superar este ano o ritmo de expansão do ano passado, quando a movimentação de cargas foi de 65 milhões de toneladas – volume 12% maior que de 2022 e um recorde histórico. “Esse volume de movimentação era planejado para 2040, ou seja, nos adiantamos em 17 anos”, disse Vieira.

Ao longo de 2023, questões climáticas impactaram a movimentação de cargas, especialmente de grãos. No Norte, a seca ocasionada pelo El Niño reduziu e em alguns casos até inviabilizou o transporte por hidrovias que ligam a região Centro-Oeste a portos como Santarém e Itaqui, fazendo com que produtos como a soja precisassem viajar de caminhão até Paranaguá – onde filas de caminhões aguardaram para descarregar.

Mesmo tendo sido impactado pelos temporais, Paranaguá conseguiu absorver também a demanda que seria naturalmente escoada pelos portos de Navegantes e Itajaí, em Santa Catarina. As chuvas impediam a atracação de navios e o embarque e desembarque de produtos, que precisaram ser escoados pelos portos do Paraná.

“O fechamento dos portos de Santa Catarina alavancou o nosso resultado no ano passado”, admite Vieira. Com isso, além de grãos, Paranaguá ganhou volume na movimentação de proteínas animais, em especial suínos e aves – compensando o menor volume de fertilizantes –produto que tem Antonina e Paranaguá como porta de entrada no país.

Em 2023, a movimentação de soja e de contêineres praticamente se equiparou. A soja representou 22% do total transacionado e os contêineres, 20%.

A China segue como principal destino das exportações que saem dos terminais e quando concluída a obra da Moegão ampliará capacidade de descarregamento de grãos e farelos de 550 para 900 vagões, elevando de 20% para 50% a participação do modal ferroviário no transporte de cargas do porto.

Diversificação

Além do crescimento no escoamento de grãos, espera-se também uma maior diversificação na movimentação de outros produtos, incluindo contêineres e granéis líquidos. Para isso, estão sendo realizadas, de forma contínua, obras de dragagem para aumento de calado que visam atrair navios maiores – como o porta-contêineres chinês Cosco Shipping, que atracou no porto de Paranaguá no início de março.

Em fevereiro, por exemplo, o calado operacional do berço 142 (interno) do Píer Público de Granéis Líquidos (PPGL) do Porto de Paranaguá ganhou 1,50 metro em relação ao parâmetro anterior, ficando em 11,60 metros.

O objetivo é igualar o calado do berço interno com o berço externo, numa área utilizada para carregar e descarregar produtos como óleos brutos de petróleo, óleo diesel, metanol e diversos tipos de gasolina e, futuramente, biodiesel.

“Em 2023, conseguimos atender o pico da safra e o crescimento que registramos em janeiro e fevereiro deste ano mostram que seguimos indo muito bem”, diz Vieira, lembrando que a estimativa para capacidade total do porto é de 80 milhões de toneladas – ou seja, ainda há bastante espaço para crescimento – não só em grãos, mas em armazenamento, contêineres e no transporte de produtos líquidos e fertilizantes.