Às vésperas do Plano Safra 2025/2026, uma boa notícia para os produtores rurais: a maioria dos imóveis rurais que produzem soja e milho localizados no Centro-Oeste, principal região produtora de grãos do Brasil, tem baixo nível de inadimplência e está em conformidade com o nível de exigências socioambientais presentes no Manual de Crédito Rural (MCR), conjunto de normas do governo federal para a concessão de financiamentos à produção agropecuária no país.

A conclusão é de um estudo desenvolvido pela Serasa Experian, divulgado nesta terça-feira, dia 10 de junho.

A análise considerou dados socioambientais e financeiros de 166.159 imóveis rurais com Cadastro Ambiental Rural (CAR) dos quatro estados do Centro-Oeste e que registraram cultivo de soja ou milho nos últimos cinco anos.

De acordo com o levantamento, 85% dos imóveis rurais analisados atendem aos critérios estabelecidos pelo MCR. Entre as exigências, estão a ausência de impedimentos como embargos ambientais, registros de trabalho análogo à escravidão, sobreposição com terras indígenas ou quilombolas e unidades de conservação, além da manutenção de baixo risco de inadimplência.

Mas ainda há um percentual relevante – 15% do total – de propriedades classificadas como inaptas. E, mesmo entre as propriedades consideradas qualificadas, o estudo indica que existem desafios a serem superados.

Ao todo, 48% desses imóveis apresentam baixo risco de inadimplência e não possuem alertas ou impedimentos socioambientais. Já os 37% restantes demandam uma análise mais criteriosa, a depender dos critérios de concessão das instituições financeiras.

Entre os estados do Centro-Oeste, Goiás é o que apresenta o maior número de propriedades com plantio de grãos nos últimos cinco anos – 76,3 mil – e também o maior índice de qualificação: 58,1% dos imóveis já estão aptos aos critérios do MCR, enquanto 8,1% não estão qualificados.

Os demais 33,8% entraram na categoria “em análise” – de acordo com a Serasa, são áreas que apresentam questões socioambientais pontuais e/ou risco de crédito mediano, ainda sem conclusão definitiva, mas que não configuram impedimento imediato ao financiamento.

No recorte municipal, Goiás também lidera. Entre os cinco municípios com maior número de propriedades em linha com os critérios do MCR, quatro são goianos. Em Rio Verde, segunda maior produtora de soja do Brasil, e Jataí, todas as propriedades analisadas estão qualificadas aos financiamentos.

Piracanjuba e Orizona, também em Goiás, registraram índices altos, com, respectivamente, 88,9% e 81,8% de qualificação. Além dos municípios goianos, Lambari do Oeste, cidade de Mato Grosso, atingiu 100% de aprovação.

Na sequência de Goiás, o Mato Grosso do Sul apresenta 48% de propriedades aprovadas, 9% não qualificadas e 42,6% em análise. Já Mato Grosso tem 36,4% de propriedades qualificadas, 26,1% reprovadas e 37% ainda em avaliação, segundo a análise da Serasa.

O Distrito Federal, com a menor área produtiva entre as unidades federativas analisadas, não possui propriedades aprovadas até o momento. Do total, 80,1% estão sob análise e 19,9% foram reprovadas.

“Quando a força produtiva das regiões está aliada ao cumprimento dos critérios socioambientais, observamos um movimento que fortalece o acesso ao crédito rural e atrai investimentos estratégicos", afirma o head de agronegócio da Serasa, Marcelo Pimenta.

Para a elaboração do estudo, foram integrados mapas de grãos proprietários da Serasa, informações do Agro Score, ferramenta da empresa que avalia o risco de crédito rural, e mais de 20 bases públicas de dados socioambientais.

“As imagens de satélite e de dados geográficos usados para analisar propriedades rurais revelam a maturidade socioambiental dos plantios.

Nesse sentido, avaliar os impeditivos para concessão de crédito rural, como a sobreposição com florestas públicas tipo B e o histórico de alterações no perímetro do CAR, reforça a importância dessa expertise, fundamental para identificar e mitigar riscos", acrescenta Marcelo Pimenta.

Resumo

  • 85% das propriedades rurais produtoras de soja e milho no Centro-Oeste estão aptas a acessar crédito rural, segundo critérios socioambientais e financeiros do Manual de Crédito Rural (MCR) do governo federal
  • Os 15% restantes apresentam impedimentos como embargos ambientais, trabalho análogo à escravidão, sobreposição com terras protegidas ou risco elevado de inadimplência