Um misto de incerteza e de especulação. É assim que o mercado olha para as usinas Rio Vermelho e Nova Unialco, da Viterra Bionergia, que agora também faz parte da fusão com a Bunge.

Com capacidade de processar 7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, as duas tradicionais unidades produtoras de etanol, açúcar e bioenergia já passaram por várias mãos.

Desde o início de julho, com a combinação de negócios com a Viterra, em um acordo que demorou dois anos e envolveu US$ 8 bilhões, a Bunge incorporou as duas plantas industriais e oficialmente voltou ao setor sucroenergético.

A gigante global já inclui as usinas, por exemplo, nos slides apresentados por executivos quando apresenta suas operações no Brasil. Mas o fato de ter “desistido” desse setor no ano passado levanta dúvidas sobre o futuro das unidades.

A incerteza se explica porque, em outubro de 2024, a Bunge finalizou a saída da sociedade que mantinha na BP Bunge Bioenergia desde 2019. Por US$ 1,4 bilhão, vendeu sua fatia de 50% à British Petroleum e a gigante petroleira assumiu o controle das 11 usinas capazes de processar 32 milhões de toneladas de cana, produzir 1,7 bilhão de litros de etanol, 1,7 milhão de toneladas de açúcar e 1,4 milhão de GWh de energia por safra.

O negócio foi anunciado em meio à busca da Bunge por todas as autorizações para a compra e incorporação dos ativos da Viterra junto à Glencore. Entre elas estavam as duas usinas brasileiras que a trading suíça mantinha no Brasil.

Localizada em Junqueirópolis (SP), a usina Rio Vermelho marcou a entrada da Glencore no setor sucroenergético, em 2010. À época, a companhia desembolsou US$ 80 milhões por 70% da unidade. O segundo negócio foi seis anos mais tarde.

Em 2016, a Glencore comprou a usina de Guararapes (SP) pertencente ao grupo Unialco que estava em recuperação judicial. A trading ofertou R$ 350 milhões pelo ativo, proposta aceita pelos credores, ratificada pela justiça e rapidamente aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Com as duas unidades, a companhia suíça criou a Glencane, que seria sua marca setorial. Mas, em seguida, foram rebatizadas de Viterra Bioenergia, uma das “marcas” que a Glencore tinha da Viterra, empresa de origem canadense e adquirida em 2012.

O AgFeed entrou em contato com a Bunge desde a última terça-feira, 22 de julho, e indagou a companhia sobre os planos para as duas usinas após a decisão de sair do setor tomada no ano passado. A assessoria de comunicação informou que, até esta segunda-feira, 28 de julho, não há um retorno sobre a demanda.

No site da companhia há um texto informando sobre a combinação dos negócios entre Bunge e Viterra oficializada em 2 de junho.

“Juntos, desempenharemos um papel de liderança no futuro do setor agrícola. Graças à nossa força de trabalho ágil, presença global expandida, acesso ampliado a mercados estratégicos e uma rede agrícola diversificada que abrange as principais culturas, a Bunge consegue administrar ciclos sazonais, condições climáticas e outros riscos, para melhor conectar agricultores a consumidores para fornecer alimentos, ingredientes para nutrição animal e combustíveis essenciais para o mundo”, informa.

Resumo

  • Com a fusão entre Bunge e Viterra concluída, mercado especula qual será o futuro das tradicionais usinas Rio Vermelho e Nova Unialco, com capacidade de processar 7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar,
  • A incerteza se explica porque, em outubro de 2024, a Bunge finalizou a saída da sociedade que mantinha na BP Bunge Bioenergia desde 2019. Por US$ 1,4 bilhão, vendeu sua fatia de 50% à British Petroleum e a gigante petroleira assumiu o controle das 11 usinas,
  • O AgFeed procurou a Bunge, mas não obteve resposta sobre os planos da companhia para as duas usinas.