A Raízen fechou mais uma venda no seu "feirão" de usinas e anunciou, nesta segunda-feira, 10 de novembro, a negociação, por R$ 750 milhões, da unidade Continental com o Grupo Colorado.
Localizada em Colômbia (SP), na divisa com Minas Gerais, a usina tem capacidade de processar 2 milhões de toneladas por safra e o negócio envolveu também a cessão da cana-de-açúcar própria e dos contratos com fornecedores vinculados.
Com a operação, a Raízen chega a quatro usinas vendidas e duas fechadas em um período de doze meses, em um processo de reestruturação no setor sucroenergético que já conseguiu levantar ao menos R$ 4,14 bilhões de acordo com informações reportadas pela companhia nos negócios feitos.
Segundo comunicado divulgado pela joint-venture entre a Cosan e a Shell, o pagamento pela usina Continental será realizado à vista na data de conclusão da operação, “sujeito a eventuais ajustes usuais para negócios”, bem como à aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
“Essa transação está alinhada à estratégia da companhia de otimização de seu portfólio de ativos, simplificação das operações e captura de eficiências, com foco na melhoria da rentabilidade de seu portfólio agroindustrial”, informou a Raízen em fato relevante.
“Após a conclusão desta operação e das demais já anunciadas, a Raízen passará a operar um portfólio de 24 usinas, com capacidade instalada de moagem de aproximadamente 73 milhões de toneladas por safra”, completou a companhia.
Com a aquisição, o Grupo Colorado chega a três unidades. A companhia tem sede e usina em Guaíra (SP), com processamento de quase 7 milhões de toneladas por safra, além da Central Energética Morrinhos, na cidade homônima de Goiás, com moagem em torno de 2 milhões de toneladas. Ambas produzem açúcar, etanol e energia elétrica cogerada.
Após o acirramento da crise financeira, há dois anos, a Raízen iniciou um movimento de desinvestimentos em ativos fora do setor, venda e fechamento de usinas, cortes de custos e alongamento de dívidas, com emissão de novos títulos.
Com a venda da Colorado, a companhia chega a quatro usinas negociadas e ainda duas - a Santa Elisa e a MB - fechadas no processo de reestruturação.
No feirão de usinas, a Raízen negociou, em maio, a Usina de Leme (SP), para a Ferrari Agroindústria e a Agromen por R$ 425 milhões e, em, agosto, as usinas Rio Brilhante e Passa Tempo, ambas em Rio Brilhante (MS), por R$ 1,543 bilhão, à Cocal Agroindústria.
O processo de enxugamento teve início há um ano com a desativação, em novembro de 2024, do MB, em Morro Agudo, após o encerramento da safra 2024/2025, e a venda da cana-de-açúcar da unidade por R$ 381 milhões para a Alta Mogiana.
Outro passo, em julho, foi o fechamento da histórica Usina Santa Elisa, em Sertãozinho (SP), com a negociação de R$ 1,04 bilhão em cana para outras empresas no entorno.
Fora do setor sucroenergético, se desfez de diversas unidades de geração distribuída e anunciou, em 4 de setembro, o encerramento do Grupo Nós, joint-venture com a Femsa nas operações de lojas de conveniência.
Com o fim do acordo, a Femsa ficou com as lojas da marca Oxxo e a Raízen manteve as da Shell Select e Shell Café.
O anúncio deste segunda repercutiu com a abertura das negociações das ações da Raízen com alta. Com meia hora de pregão, elas haviam se valorizado 2,38%, a R$ 0,86.
Resumo
- A Raízen, joint-venture entre Cosan e Shell, vendeu a usina Continental (SP) ao Grupo Colorado por R$ 750 milhões
- Com quatro usinas vendidas e duas fechadas em 12 meses, a empresa já levantou mais de R$ 4 bilhões em seu programa de reestruturação
- A estratégia busca otimizar o portfólio agroindustrial, elevar rentabilidade e focar nas 24 unidades restantes, com 73 milhões t/safra de capacidade