A Suzano reportou um prejuízo líquido de R$ 6,7 bilhões somente no quarto trimestre de 2024 e de R$ 28,8 bilhões em todo o ano, mas o resultado não assustou os analistas do mercado financeiro - bem pelo contrário.
Os números foram elogiados pelos analistas do mercado financeiro, que destacaram o ganho operacional obtido a partir da entrada em operação do Projeto Cerrado, mega fábrica da companhia que entrou em operação no Mato Grosso do Sul em julho do ano passado.
Ao divulgar seus resultados na noite de quarta-feira, dia 12 de fevereiro, a companhia de papel e celulose atribuiu o prejuízo aos efeitos da valorização cambial sobre a dívida e operações com derivativos.
Em contrapartida, o desempenho operacional indicado pelo Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado nos três últimos meses de 2024 cresceu 44% em relação a 2023, passando de R$ 4,5 bilhões para R$ 6,481 bilhões.
No acumulado do ano, também houve crescimento no Ebtida ajustado, que passou de R$ 18,2 bilhões em 2023 para R$ 23,8 bilhões em 2024.
A receita líquida também cresceu tanto no quarto trimestre quanto no acumulado do ano. Nos três últimos meses de 2024, a Suzano teve uma receita de R$ 14,1 bilhões, frente resultado de R$ 10,3 bilhões no quarto trimestre de 2023, uma alta de 37%.
No ano passado, a receita subiu 19%, passando de R$ 39,7 bilhões em 2023 para R$ 47,4 bilhões.
Os resultados foram bem recebidos no Itaú BBA e no BTG Pactual. "A Suzano divulgou um conjunto decente de resultados, especialmente considerando o quão adversos os preços da celulose foram no trimestre", escreveram os analistas do BTG Leonardo Correa, Marcelo Arazi e Bruno Henriques em relatório distribuído a clientes.
"Os resultados do quarto trimestre de 2024 vieram em linha e de alta qualidade", resumiram os analistas Daniel Sasson, Marcelo Furlan Palhares, Edgard Pinto de Souza e Barbara Soares em relatório do Itaú.
As duas instituições chamaram a atenção para o desempenho operacional do Projeto Cerrado, a mega fábrica de celulose da Suzano localizada em Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul, que começou a operar em julho deste ano.
O investimento total na unidade foi de R$ 22,2 bilhões e a planta tem capacidade de produzir 2,55 milhões de toneladas de celulose eucalipto por ano.
"Destacamos o sólido desempenho operacional após o aumento da Ribas, resultando em um declínio de 7% na comparação trimestral nos custos caixa de celulose e um aumento de 25% na comparação trimestral nos volumes de vendas de celulose", afirmou o Itaú BBA.
O BTG também destacou a diminuição de custo caixa geral da companhia. "A maioria dessa melhora de custo está relacionada à operação Cerrado", disse a instituição.
O banco continua recomendando compra para a ação, que tem preço-alvo de R$ 81. Hoje, o papel está cotado na faixa de R$ 58. A Suzano é a principal escolha do banco no setor. "Os fundamentos da Suzano permanecem sólidos, suportando a tese de investimento da empresa."
O BTG diz que a probabilidade de fusões e aquisições consideráveis por parte da companhia ou uma onda de internacionalização diminuiu nos últimos meses, após tentativa fracassada da Suzano em comprar a International Paper, em junho do ano passado.
A instituição também espera que as perspectivas de desalavancagem da companhia desacelerem, com a companhia chegando a uma relação dívida líquida/Ebtida de 2,6x até o fim do ano. Essa mudança deve suportar uma valorização das ações no curto prazo.
Além disso, o BTG destaca que, embora a perspectiva de curto prazo para os preços da celulose continue "desafiadora", os preços parecem já ter atingido o pior momento do ciclo.
O Itaú BBA tem recomendação outperfom, equivalente à indicação de compra, para as ações da Suzano, trabalhando com preço-alvo de R$ 82 para os papéis da companhia.
A perspectiva da instituição para os resultados da Suzano ao longo do ano é positiva. "Esperamos um impulso positivo nos lucros ao longo de 2025, sustentado por preços mais altos da celulose e pela continuidade de uma tendência favorável nos custos de produção de celulose."
Os investidores reagiram positivamente aos resultados apresentados pela companhia. Por volta das 12h40 desta qunta-feira, dia 13 de fevereiro, os papéis da Suzano registrava alta de 1,86% na B3, cotados a R$ 59,05. Em um ano, a ação acumula alta de 13,01%.