Com valor total previsto para R$ 22,2 bilhões, a construção do Projeto Cerrado, megacomplexo agroindustrial da Suzano no Mato Grosso do Sul tem sido, nos últimos anos, o principal destino de investimentos da maior empresa do setor de papel e celulose no Brasil

Não será diferente em 2024. Nesta sexta, em comunicado encaminhado à CVM, a companhia informou que deve investir R$ 14,6 bilhões em 2024. A novidade é que, depois de anos ampliando o número de Capex, haverá uma desaceleração de cerca de 20% em relação aos R$ 18,5 bilhões desembolsados em 2023.

Isso decorre, de acordo com a Suzano, justamente do menor desembolso referente ao Projeto Cerrado – cuja fábrica, quando estiver concluída, terá capacidade para produzir 2,55 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano, incrementando a produção da empresa em 20%.

A divisão do bolo de investimentos em 2024, assim, fica em R$ 10 bilhões para manutenção, expansão e modernização de florestas e terras, com o restante (R$ 4,6 bilhões) sendo destinado ao Projeto Cerrado.

“A estimativa de investimento de capital relativo à plena execução do Projeto Cerrado mantém-se em um total de R$ 22,2 bilhões, de forma que é esperado para 2025 um desembolso residual de R$ 500 milhões”, afirmou a empresa.

Com o início das operações previstas para 2024, deve haver menos gastos com obras, que consumiam mais recursos.

Dentro do item manutenção, o maior investimento está relacionado ao início da operação da unidade de Ribas do Rio Pardo, do próprio Projeto Cerrado. Em 2023, essa categoria recebeu investimentos de R$ 6,3 bilhões. No próximo ano, serão R$ 7,7 bilhões.

“Esse aumento está relacionado a maiores gastos associados a arrendamentos, manutenção de estradas e silvicultura, ligados ao aumento de área plantada pela companhia e em linha com a estratégia florestal da Suzano”, pontuou a companhia no documento oficial divulgado mais cedo.

Nos investimentos em terras e florestas, o investimento recuou de R$ 2,4 bilhões em 2023 para R$ 1,4 bilhão ano que vem. A empresa explicou que neste ano, concluiu a aquisição dos ativos florestais da Parkia, que foram anunciados ao final de 2022. Com isso, não há necessidade de maior desembolso no ano que vem, e que o valor servirá para “investimentos oportunos”.

A empresa já havia anunciado, em outubro deste ano, que investiria R$ 1,1 bilhão em novos projetos a partir do ano que vem.

O maior deles será na construção de uma nova caldeira de biomassa na fábrica de Aracruz, no Espírito Santo. A Suzano estima um valor de R$ 520 milhões para substituir a caldeira que atualmente produz biomassa na unidade. O novo equipamento deve entrar em operação no quarto trimestre de 2025.

Outro projeto envolve a construção de uma nova fábrica de papel sanitário, conhecido como tissue. A unidade também vai converter papel higiênico e papel toalha, e ficará localizada também em Aracruz.

A capacidade da nova fábrica será de 60 mil toneladas por ano, com investimento total estimado em R$ 650 milhões. No entanto, o desembolso efetivo da empresa neste projeto está calculado em R$ 130 milhões.

Isso porque a Suzano pretende utilizar saldos de crédito de ICMS que possui no Espírito Santo para cobrir a maior parte do valor. A fábrica deve entrar em operação no começo de 2026.