A JBS reportou receita líquida recorde, de US$ 22,6 bilhões, no terceiro trimestre de 2025, um aumento de 13% na comparação anual, impulsionada pelo crescimento em todas as unidades de negócios, mas registrou queda nos lucros.
De acordo com o balanço divulgado nesta quinta-feira, 13 de novembro, o segundo após a JBS ser listada na Bolsa de Nova York, apesar do desempenho histórico em vendas, o lucro líquido recuou para US$ 581 milhões, queda de 16% em relação ao mesmo período de 2024.
A queda no lucro líquido ocorreu por causa de margens pressionadas por custos mais altos e um cenário desafiador na operação de carne bovina na América do Norte.
O Ebitda ajustado IFRS somou US$ 1,84 bilhão, retração de 15% na base anual, com margem de 8,1%, ante 10,8% em igual trimestre de 2024. Já o lucro por ação ficou em US$ 0,52, queda de 16% na mesma base de comparação.
O consumo de capital de giro aumentou com maiores estoques e inflação de insumos. O fluxo de caixa livre chegou a US$ 383 milhões, abaixo dos US$ 994 milhões do terceiro trimestre de 2024. A dívida líquida subiu de US$ 13,7 bilhões para US$ 16,6 bilhões.
O prazo médio da dívida é de 15,4 anos, com custo médio de 5,6% ao ano, e a companhia mantém linhas de crédito rotativas de US$ 2,9 bilhões nos EUA e US$ 500 milhões no Brasil.
A alavancagem encerrou o trimestre em 2,39 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda ajustado, em linha com a meta de longo prazo da companhia. O retorno sobre o patrimônio (ROE) nos últimos 12 meses alcançou 23,7%, acima dos 16,7% registrados um ano antes.
No acumulado de nove meses de 2025, a JBS somou US$ 63,1 bilhões em receita líquida, avanço de 10% sobre 2024, e Ebitda ajustado de US$ 5,1 bilhões, queda de 4%. O lucro líquido no período alcançou US$ 1,6 bilhão, 19% acima do mesmo intervalo do ano anterior.
“O trimestre comprova a força e a consistência da nossa plataforma global multiproteína e, mais importante, como a operamos com disciplina, agilidade e resiliência”, informou Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS em nota.
“Nosso modelo multiproteína e multigeográfico é a base que sustenta a estabilidade da companhia e nossa capacidade de gerar valor de forma contínua”, acrescentou.
Desafios nos EUA e outros mercados
A JBS Beef North America, responsável pela maior fatia das vendas, teve alta de 14,8% na receita entre os trimestres, para um recorde de US$ 7,2 bilhões, mas a margem caiu e o Ebitda foi negativo em US$ 42 milhões, ante resultado positivo de US$ 117 milhões um ano antes.
O setor pecuário enfrenta um ciclo desafiador nos Estados Unidos, com oferta limitada de gado por causa do abate de fêmeas e custos de compra em patamares historicamente elevados, o que pressionou a rentabilidade, mesmo com demanda doméstica forte e preços recordes da carne bovina naquele mercado.
A controlada Pilgrim’s Pride, especializada em aves e processados, teve melhor desempenho e registrou Ebitda de US$ 770 milhões, leve queda de 0,8% na comparação anual, e margem de 16,2%.
Nos Estados Unidos, o segmento de produtos preparados cresceu mais de 25% na comparação anual, enquanto na Europa e no México o foco em marcas e parcerias com grandes clientes sustentou o crescimento.
“Seguimos fortalecendo parcerias com clientes estratégicos e ampliando produtos de maior valor agregado, reduzindo a volatilidade do negócio”, destacou o CEO.
Na JBS USA Pork, a receita subiu 8,7%, para US$ 2,22 bilhões, apoiada pela demanda interna e pela ampliação do portfólio de produtos de valor agregado. A unidade anunciou a aquisição de uma planta em Iowa e a construção de uma nova fábrica no mesmo Estado, fortalecendo a presença em bacon e salsichas.
Já a JBS Brasil reportou expansão de 27,7% na receita, atingindo US$ 4,16 bilhões, impulsionada pelo avanço das exportações e pela valorização dos preços domésticos. O Ebitda, porém, caiu 18,7%, para US$ 307 milhões, também em decorrência da alta no custo do gado, segundo o balanço.
A Seara alcançou o maior volume de exportações de sua história, mas o Ebitda ficou em US$ 323 milhões, queda de 30% na base anual.
Apesar de restrições temporárias em grandes mercados, como China e Europa, após o caso de gripe aviária em maio, a divisão redirecionou a produção e ampliou presença em novos destinos. No mercado doméstico, o aumento de preços e volumes sustentou o crescimento.
“A Seara manteve margens saudáveis e demonstrou a força de sua estratégia comercial disciplinada, apoiada em um portfólio inovador e em parcerias que aproximam a marca dos consumidores”, relatou Tomazoni.
A JBS Austrália teve um dos melhores desempenhos do grupo, com aumento de 22,9% na receita e Ebitda 43% maior, a US$ 249 milhões. O resultado foi ajudado por preços mais altos e eficiência operacional, que compensaram a elevação de 26% nos custos do gado.
“A Austrália continua sendo um pilar estratégico para a diversificação geográfica da JBS e um exemplo de como transformamos eficiência operacional e mercados complementares em resultados sólidos”, concluiu o CEO.
Resumo
- JBS teve lucro líquido de US$ 581 milhões no terceiro trimestre deste ano, queda de 16% em relação ao mesmo período de 2024
- Receita líquida da empresa foi recorde, atingindo US$ 22,6 bilhões no período, impulsionada pelo crescimento em todas as unidades de negócios
- Empresa enfrentou custos altos nos EUA, em função da oferta menor de gado, levando a um Ebitda negativo na América do Norte