No coração da Amazônia, uma nova fronteira da sustentabilidade está se desenhando. O Pará, estado que abriga o segundo maior rebanho bovino do País, decidiu enfrentar um de seus maiores desafios: mostrar que a força da pecuária pode caminhar junto com a conservação da floresta.
É nesse contexto que nasce o Programa Pecuária Sustentável, uma iniciativa do governo do Pará que engaja produtores e empresas na produção de carne rastreada para análise de área livre de desmatamento ilegal, impulsionando uma nova pecuária no estado.
É uma tarefa desafiadora, que exige colaboração entre o poder público, o setor privado e os produtores rurais, mas também representa uma oportunidade de demonstrar que o desenvolvimento econômico pode caminhar lado a lado com a conservação da biodiversidade.
O Grupo Carrefour Brasil é o único varejista a integrar formalmente a iniciativa – que conta com a participação de outros parceiros, como a JBS e os frigoríficos Rio Maria e Mafrinorte – e também o primeiro a vender carne rastreada nas lojas do Atacadão em Belém, proveniente de fazendas já integrantes voluntariamente ao programa.
“O Grupo Carrefour Brasil tem como política o compromisso de assegurar a rastreabilidade e conformidade de toda cadeia da produção de carne. Combater o desmatamento associado ao nosso abastecimento é parte central da nossa agenda”, afirma Nelcina Tropardi, vice-presidente de Assuntos Corporativos, ESG e Jurídico do Grupo Carrefour Brasil.
A companhia direcionou R$ 10 milhões para fortalecer a implantação do Sistema de Rastreabilidade Bovídea Individual do Pará (SRBIPA) e oferecer assistência técnica gratuita a pequenos e médios produtores e incentivos para regularização ambiental, manejo e acesso a crédito.
“As pessoas às vezes ficam muito focadas na questão da identificação individual do animal, através do brinco, mas o Programa tem atuação muito mais ampla que a brincagem em si”, diz Nelcina. “Envolve assistência técnica aos produtores, e apoio à regularização ambiental”, complementa a executiva.
A estratégia se apoia em uma base construída ao longo de quase uma década. Desde 2016, o Grupo Carrefour Brasil adota políticas de monitoramento de fornecedores e busca ampliar a rastreabilidade na cadeia da carne bovina, com objetivo de coibir o desmatamento nas cadeias produtivas ligadas ao negócio.
“Hoje já monitoramos 100% das fazendas de engorda que fornecem ao grupo — cerca de 30 mil propriedades por ano — por meio de imagens de satélite e checagem documental. Esse monitoramento cobre todo o território nacional, em todos os biomas, não apenas a Amazônia. A diferença trazida pelo Programa é a possibilidade de ampliar a visibilidade para as etapas anteriores da engorda, permitindo acompanhar a origem e conformidade das fazendas com ainda mais precisão” a”, diz Susy Yoshimura, diretora sênior de Sustentabilidade do Grupo Carrefour Brasil.
A comercialização da carne rastreada nas lojas do Atacadão é o primeiro resultado tangível dessa rede de cooperação. O objetivo é oferecer ao consumidor produtos com preço competitivo, qualidade e conformidade socioambiental, reforçando o propósito de democratizar o consumo consciente.
“O consumidor vai poder comprar uma carne acessível, saborosa, e de qualidade e, ao mesmo tempo, ter a confiança de que foi produzida com conformidade socioambiental”, complementa Susy.
“No fim, o que fazemos é uma curadoria de qualidade: não só nutricional, de preço e sanitária, mas também socioambiental. É também uma forma de reconhecer e valorizar os produtores pioneiros que aderiram ao Programa Pecuária Sustentável e estão impulsionando essa transformação no campo”.
O programa, de fato, cria um efeito multiplicador sobre a base produtiva. Ao abrir as portas para a regularização e para a rastreabilidade, reintegra produtores antes excluídos de mercados mais exigentes, fortalece a renda no campo, amplia a transparência e a conformidade socioambiental em toda a cadeia.
“Para isso, precisamos apoiar quem precisa se regularizar, reconhecer quem já está em conformidade e transformar isso num círculo virtuoso em que todos ganham – o produtor, as empresas e a sociedade”, afirma Susy.
Essa iniciativa se conecta diretamente à agenda climática macro do Grupo Carrefour Brasil, que integra metas de redução de emissões, proteção dos biomas e fortalecimento de cadeias produtivas mais responsáveis.
Em 2024, o Grupo Carrefour Brasil avançou em sua trajetória climática. A companhia havia se comprometido a reduzir em 38% as emissões de Escopo 1 e 2 em relação a 2019, mas superou a meta: alcançou uma queda de 47%, resultado que a coloca mais próxima do objetivo traçado para 2030.
O progresso decorre de um conjunto de ações – práticas de eficiência energética, investimento em energia renovável/painéis solares e investimento em equipamentos de refrigeração com menor impacto ambiental.
Por meio do Fundo de Florestas do Grupo Carrefour, a empresa também destina R$ 50 milhões a projetos de combate ao desmatamento, fortalecimento de iniciativas da sociobiodiversidade e conservação dos biomas e apoio a cadeias de mais inclusivas, que geram e distribuem riqueza.
No eixo social, o Grupo Carrefour Brasil mantém um programa robusto de combate ao desperdício e de doação de alimentos com menor atratividade comercial, porém próprios para consumo. É o caso de produtos próximos da data de expiração, além de frutas, legumes e verduras.
O modelo opera com a doação a bancos de alimentos e ONGs parceiras que fazem a distribuição nacional. Em 2024, foram doadas mais de 6,5 mil toneladas de alimentos, o equivalente a 26 milhões de refeições complementares.
A chegada da carne rastreada às lojas do Atacadão é a prova de que o varejo pode atuar como agente de transformação em direção a uma economia de baixo carbono.
“Não é uma linha de chegada, mas um passo dentro de um processo”, diz Nelcina. “Os primeiros volumes de carne provenientes de animais com identificação individual estão começando a chegar aos frigoríficos e, a partir daí, às nossas lojas. Queremos que isso se torne algo contínuo, começamos em Belém e esperamos alcançar toda nossa rede.”
