Uma máxima filosófica diz que na vida, tudo é questão de parâmetro. Os resultados da empresa de construção de silos e armazéns Kepler Weber é um bom exemplo prático deste ditado.
Quando o parâmetro é o segundo trimestre de 2023, os números do terceiro trimestre do ano podem ser considerados positivos. Mas ao se olhar para 2022, a Kepler Weber enfrenta uma piora significativa em seus resultados.
A começar pelas receitas. A empresa fechou o período entre julho e setembro deste ano com uma receita operacional líquida de R$ 405,6 milhões. O montante representa um crescimento de 44% em relação ao segundo trimestre de 2023, e queda de 21% quando se compara com o mesmo período de 2022.
Na mensagem da administração que acompanha o balanço, a Kepler Weber classifica seu desempenho como sólido, e ressalta que a receita líquida foi a segunda melhor marca para um terceiro trimestre em sua história, ficando, portanto, atrás somente da registrada em 2022.
A companhia afirma que essa melhora em relação ao segundo trimestre foi impulsionada pelos projetos no segmento Fazendas, após o governo anunciar, em julho, o maior Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) da história, de R$ 6,65 bilhões.
“Adicionalmente, o bom impulso de vendas após o anúncio do Plano Safra 2023/2024, permitiu a construção de uma carteira de pedidos saudável, levando a bons patamares de faturamento nos próximos meses e, ao mesmo tempo, mantendo elevada a ocupação das nossas fábricas”, diz a Kepler Weber.
No acumulado em nove meses, a receita da companhia ficou pouco acima de R$ 1 bilhão, queda de 23% em relação ao ano passado.
O segmento Fazendas, citado pela empresa no seu comentário, mostra ainda mais esse contraste entre a recuperação em relação ao cenário do primeiro semestre de 2023, e a piora quando se olha para 2023.
As receitas com a venda de silos e armazéns para propriedades rurais ficaram em R$ 145,6 milhões no terceiro trimestre, número que representa queda anual de 41,5%, e avanço de 76% em três meses. Em nove meses, o segmento tem recuo de 33%.
A Kepler afirma que as receitas com fazendas foram afetadas pelos menores preços praticados no mercado, que seguiram a tendência da principal matéria-prima usada nos armazéns, o aço galvanizado. O crescimento em relação ao segundo trimestre foi ajudado também pelo fator sazonal, com o PCA ajudando a liberar diversos pedidos que estavam represados.
A companhia revela que, durante o período, foram feitos dois pedidos por produtores de médio porte do Mato Grosso que somam R$ 22,5 milhões, “que representarão incremento no faturamento do quarto trimestre de 2023”.
Outro destaque registrado pela Kepler é a venda de quatro projetos para grandes produtores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, que somam R$ 55,8 milhões. Esse valor vai impactar nas receitas tanto no final deste ano quanto no começo de 2024.
Em termos de relevância no faturamento total, o segmento Fazendas divide espaço com as Agroindústrias, com participações de 36% e 38%, respectivamente.
Em Agroindústrias, o resultado está mais estável em relação a 2022, com as receitas crescendo 3,6%, para R$ 154,2 milhões. Em três meses, o faturamento cresceu 81%. Mas em nove meses, os R$ 349,5 milhões acumulados ainda representam queda de quase 33%.
A companhia atribui o resultado a uma recuperação na demanda por parte de cooperativas, cerealistas e indústrias, após a safra recorde no período 22/23, e as boas perspectivas para a safra 23/24.
Com todo este cenário, a Kepler Weber apresentou Ebitda de R$ 88,3 milhões no terceiro trimestre, queda anual de 43%, e avanço de 64% em três meses. O lucro líquido teve comportamento parecido, chegando a R$ 66,6 milhões. Queda de 42% em 12 meses e quase o dobro do apurado no segundo trimestre deste ano.