A aposta no crescente mercado de bioinsumos, apesar do momento mais desafiador entre os produtores de grãos, vem mantendo acesa a intenção da Satis, de construir uma nova fábrica de biológicos no Brasil.
A empresa de fertilizantes especiais e biológicos havia anunciado em 2023, em entrevista ao AgFeed, o plano de ter uma nova biofábrica no ano seguinte.
O cenário mais difícil no setor de grãos, com queda nos preços da soja, por exemplo, acabou levando a Satis a deixar o projeto na gaveta.
Agora, segundo a companhia, o projeto está previsto para 2027, com sede em Araxá (MG). A nova unidade deve demandar investimentos entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões, mas a Satis evita dar mais detalhes, priorizando, no momento, a expansão de portfolio, com foco na retomada do crescimento.
A cautela dos produtores na hora de comprar insumos segurou o faturamento da Satis, que ficou estável, em cerca de R$ 100 milhões, nos últimos dois anos.
Em 2025, porém, a expectativa é retomar o avanço nas vendas.
Em entrevista ao AgFeed, o diretor de negócios da Satis, Jair Unfried, disse que entre as apostas estão os biodefensivos, um mercado estimado em quase R$ 830 milhões em 2025, segundo dados da Associação Nacional de Promoção e Inovação da Indústria de Biológicos (ANPII Bio)
A previsão é avançar 20% em receita esse ano, segundo o executivo. O resultado ficaria em linha com a estimativa para o setor como um todo, de acordo com a projeção da ANPII Bio.
Neste caminho, a Satis está lançando um bionematicida, chamado Nemavex, que agora se soma aos biofungicidas que já vinham sendo comercializados pela empresa.
Trata-se de um produto com base em agentes vivos para aplicação direta no solo, na fase pré-plantio. A empresa diz que, ao proteger e estimular o desenvolvimento da raiz, e fortalecer o vegetal contra o estresse biológico, o biodefensivo auxilia no combate aos nematóides.
Pesquisas feitas pela empresa indicam um aumento de seis sacas por hectare na produtividade de culturas como algodão e soja. O bionematicida inclui quatro cepas de bactérias (duas de Bacillus amyloliquefaciens, uma de Bacillus thuringiensis e uma de Bacillus subtilis).
“Em geral, os bioinsumos já lançados no mercado agem com apenas uma ou duas cepas. Oferecer essa solução com quatro diferentes linhagens é um dos nossos diferenciais. Com essa nova linha de biodefensivos o faturamento do segmento que hoje representa 5 % dos nossos resultados deve avançar para 9%”, afirmou, Jair Unfried.
Com a chegada da nova linha de produtos, a empresa também planeja reforçar a presença, contratando mais profissionais, na região Sul e no estado de Mato Grosso. Já em São Paulo o foco permanece nos produtores de hortifruti.
“No Sul também vamos focar bastante em cooperativas de produtores, que representam 30% da produção de grãos do País e queremos chegar em todas elas. Para chegar a mais propriedades, temos que capitalizar nossas equipes e investir ainda mais em treinamentos”, explicou.
No Mato Grosso, a companhia também pretende dar mais atenção aos segmentos de milho e feijão. No Sudeste e Nordeste quer colocar uma lupa maior no mercado de cana-de-açúcar.
Dentro do planejamento estratégico de alcançar R$ 500 milhões em vendas anuais até 2030, o Mato Grosso deve ter sua participação nas vendas ampliada para R$ 100 milhões, prevê o executivo.
Resumo
- A fabricante de insumos agrícolas Satis espera aumentar em 20% as vendas em 2025, alcançando R$ 120 milhões em receita.
- A empresa deve tirar da gaveta o plano de construir uma nova fábrica de biológicos, mas início da operação está previsto para 2027.
- A estratégia da Satis inclui expansão do portfolio, com o lançamento de um novo biodefensivo para combater nematoides.