Na mitologia do Egito Antigo, a deusa Satis inundava as margens do rio Nilo, deixando o solo fértil e propício para colheitas fartas. Essa lenda inspirou o novo nome da empresa Satis, que antes se chamava Sudoeste e que atua com nutrição foliar.
A fertilidade tem se apresentado também nos resultados da companhia mineira de 25 anos. Com um crescimento médio de 15% ao ano, a Satis atingiu um faturamento de R$ 100 milhões no ano passado.
E para 2023, ano em que boa parte do mercado de insumos agrícolas tem andado de lado, a perspectiva é um aumento de pelo menos 40% nas vendas, segundo o diretor executivo da Satis, Endrigo Bezerra.
Por trás do resultado até certo ponto surpreendente está uma atenção cada vez maior com a linha de produtos biológicos, cujo peso no balanço da empresa praticamente dobrou em um ano.
Por enquanto, cerca de 65% tanto do portfólio quanto do faturamento estão na linha dos chamados fertilizantes especiais. Na mesma medida, 15% são biológicos.
Os biológicos ganham tração, e fazem a própria Satis a investir em pesquisa em desenvolvimento na linha. “Hoje o maior investimento ainda está nos especiais, mas os biológicos estão com um desenvolvimento grande. Temos parceria com a Embrapa e com a UFU para buscar novos microorganismos”, comenta Bezerra.
Com a Embrapa, o projeto se dá direto com a Embrapii, o braço de agroenergia da estatal. As pesquisas estão quase no terceiro ano e devem durar ainda mais dois.
A empresa também atua para colocar em funcionamento até o final do ano que vem uma fábrica quatro vezes maior que a atual no local. Com isso, a capacidade salta de 4 milhões de litros por ano para 12 milhões.
Para fazer os produtos chegarem até o mercado consumidor, a empresa anunciou recentemente a instalação de um novo centro de distribuição em Imperatriz, no Maranhão. A estrutura terá capacidade para armazenar até 100 mil litros e o investimento inicial é de R$ 100 mil para locação do espaço.
De acordo com Endrigo Bezerra, a empresa tem atuação nacional, mas principalmente nos estados de Minas Gerais, onde fica a sede, Goiás, Bahia, Rio Grande do Sul e Centro-Oeste como um todo.
Apesar da cultura mais atendida ser a soja, outros cultivos possuem espaços interessantes no mix, como a batata. “Estamos em Araxá próximos às duas maiores empresas de batatas do país, a Bem Brasil e a McCain”, completa.
Para 2024, o executivo revelou que a empresa planeja instalar mais um centro de distribuição, desta vez no Sudeste.
O diretor executivo está na Satis há 20 anos, sendo os últimos 11 no posto atual. Ao longo deste tempo, Bezerra e a própria Satis viram muitos concorrentes se tornarem alvos de compras e aquisições.
Primeiro a Vittia, empresa familiar de mais de 50 anos dos irmãos Wilson e Guilherme Romanini, que atua também com insumos agrícolas, passou a ter em 2014 um fundo de private equity como acionista minoritário. Anos depois, em 2021, abriu capital na Bolsa brasileira.
No ano passado, a Corteva comprou a Stoller num negócio de US$ 1,2 bilhão, de olho no futuro do mercado dos biológicos.
Endrigo Bezerra garantiu que a Satis busca “crescer por ela mesma”, algo que, segundo ele, é uma decisão do presidente.
“Teve buscas para negociações e de fundos, mas o presidente deixou claro que o objetivo é fazer a empresa crescer e se profissionalizar. Vejo que esses movimentos de compras muitas vezes dão novas oportunidades, porém podem mudar a cultura do negócio”, complementa.
No caso da Satis, ele vê que uma mudança de cultura poderia mudar o modo que a empresa atende os produtores. “Temos a estratégia de estar sempre o mais perto possível do produtor”, finaliza.