Um bom desempenho das novas plantas adquiridas, a continuidade do ciclo favorável da pecuária no Brasil e a forte demanda global por carne bovina. Esses três elementos foram suficientes para o Banco Safra ficar mais otimista com o futuro da Minerva.
Em um relatório enviado a clientes do banco, os analistas Ricardo Boiati, Rafael Une e Thiago Marmo, transformaram esse otimismo em uma recomendação direta para os analistas: passaram a indicar a compra do papel da empresa negociado na B3 e aumentaram sua estimativa de valorização da ação.
Antes, a ação BEEF3 tinha uma recomendação neutra para o Safra. O preço-alvo saiu de R$ 7 para R$ 8,50.
Nesta segunda-feira, 29 de setembro, o papel da empresa dos Vilela de Queiroz teve uma valorização de 0,77%, cotado a R$ 6,54. Dessa forma, o banco projeta uma valorização de 29% na ação em um universo de 12 meses.
O primeiro ponto destacado pelos analistas como positivo diz respeito ao trabalho de integração das plantas compradas pela Marfrig (hoje MBRF).
Mesmo com o insistente problema de aprovação da compra das unidades uruguaias, a Minerva já tem operado nas 11 plantas que adquiriu no Brasil, e nas plantas da Argentina e Chile.
Os analistas do banco ressaltam que o volume de vendas da Minerva no Brasil está crescendo 35% em relação ao ano anterior no primeiro semestre de 2025, com as novas plantas representando 36% do volume total do Brasil no segundo trimestre de 2025.
“Esperamos que essas novas plantas atinjam a maturidade em breve e representem cerca de 40% do volume total no Brasil”, projetaram Boiati, Une e Marmo, do Safra.
As plantas ainda ajudam a empresa a escapar do “tarifaço” americano. Além da China preencher parte da demanda americana, as plantas da companhia em outros países latinos ajudam a Minerva a seguir vendendo aos EUA, isso num momento em que os Estados Unidos estão com menor rebanho desde os anos 1950.
Ao mesmo tempo, o relatório do Safra pontua que “a oferta de gado no Brasil permanece bastante sólida, sem deterioração significativa nos spreads até o momento em 2025”.
Os analistas ressaltam que os pecuaristas provavelmente aumentarão as taxas de retenção de fêmeas nos próximos anos para reconstruir seus rebanhos, o que provavelmente pressionará a disponibilidade de gado.
Mas, por enquanto, consideram que a Minerva tem conseguido escapar dessa lógica. “A empresa tem sido altamente eficaz em gerar margens resilientes, e deve continuar a se beneficiar da forte demanda global por carne bovina, o que deve compensar pelo menos parcialmente o impacto negativo do aumento dos preços do gado quando ele se materializar”, afirmaram.
No segundo trimestre, a Minerva aumentou seus estoques (e por conta disso queimou parte do capital de giro) para antecipar as taxações americanas. O estoque aumentou 136% no primeiro trimestre e avançou 177% no segundo na comparação anual.
Ao assumir estoques normalizados até o final do ano, como foi sinalizado pela própria diretoria da Minerva, o Safra acredita que o capital de giro pode contribuir para uma” melhora no fluxo de caixa livre no segundo semestre, levando a um rendimento de fluxo de caixa de 6% no fim do ano”.
“Os preços do gado e o comércio global, entre outros fatores, representam um risco para a geração de fluxo de caixa livre (FCF), mas até o momento não parecem muito preocupantes no curto prazo, em nossa opinião”, acrescentaram os analistas.
A Minerva registrou lucro líquido de R$ 458,3 milhões no segundo trimestre deste ano, alta de 380,2% em relação ao ano anterior. A receita líquida somou R$ 13,9 bilhões, crescimento de 81,6% em relação ao segundo trimestre do ano passado.
O Safra projeta que a empresa encerre 2025 com uma receita líquida de R$ 53 bilhões, um avanço de 3% frente a perspectiva anterior do banco.
Em maio deste ano, Edison Ticle, CFO da Minerva, projetou um faturamento líquido em 2025 numa faixa entre R$ 51 bilhões e R$ 58 bilhões no acumulado dos doze meses. Em 2024, a receita foi de R$ 34 bilhões.