Tradicional companhia do setor sucroenergético, com mais de quatro décadas de operação, a Cocal avança na produção de biometano, com a inauguração da segunda planta produtora do insumo.
Com investimentos de R$ 216 milhões, a unidade inicia as operações com metade da oferta de até 60 metros cúbicos por dia já contratada e planos de escoar o restante por meio de um gasoduto de 80 quilômetros de extensão.
O projeto, segundo André Gustavo Alves, diretor Comercial e de Novos Produtos do Grupo Cocal, prevê a construção do duto entre a usina, em Paraguaçu Paulista (SP), sede da companhia, e Marília (SP), e está em negociação avançada para manter a parceria com a Necta Gás Natural, concessionária do insumo para 375 dos 645 municípios paulistas.
Ambas são parceiras no primeiro gasoduto regional isolado do mundo, que liga a unidade de Narandiba (SP), da Cocal, e Presidente Prudente (SP), no oeste paulista. Com 40 quilômetros de redes internas de distribuição, o município de 234 mil habitantes é o primeiro do Brasil 100% abastecido com biometano de cana-de-açúcar. O novo gasoduto, portanto, teria o dobro do tamanho do atual.
O biometano é produzido a partir do biogás e utiliza, vinhaça, palha e torta de filtro, subprodutos das usinas de processamento de cana-de-açúcar. Na nova usina, parte da oferta de matéria-prima vem de outros produtos.
A Cocal e a granja Shida fecharam um modelo no qual granja fornece esterco e efluente residual para a Cocal produzir o biometano.
Já a Cocal fornece energia elétrica de fonte renovável e o biometano para o funcionamento dos aquecedores das aves, iluminação e operação geral da granja. Além da parceria, a companhia sucroenergética utiliza o biogás e o biometano produzidos em 50 operações internas, desde a produção de energia elétrica até o abastecimento de caminhões.
“Todo transporte do açúcar produzido nas nossas usinas até os terminais da Copersucar no Porto de Santos, com 65 caminhões, é feito com veículos 100% movidos com o nosso gás”, disse Alves. Segundo ele, a troca do diesel de petróleo pelo biometano renovável gera uma economia de 30% nos custos.
De acordo com o diretor, outras matérias-primas estão na mira da companhia para a produção do insumo, como os restos do processamento animal em um curtume, esterco bovino e até mesmo resíduo sólido urbanos de municípios da região.
Em comunicado divulgado pela empresa, o empresário e acionista da Cocal, Carlos Ubiratan Garms, também presidente do conselho da União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia (Unica), relatou que o projeto torna a região paulista “uma das principais produtoras de biometano do mundo”, além de gerar empregos e reduzir emissões.
Segundo a companhia, a meta é alcançar mais de 60 equipamentos nas duas unidades operando com biometano e evitar o uso de, aproximadamente, 2 milhões de litros de diesel até o final da safra 2025/2026.
A empresa também já estuda expandir a utilização do biometano em caminhões para o transporte da produção de etanol e açúcar em parceria com a Copersucar.
Outro crescimento será na utilização dos biofertilizantes. Após a produção do biogás, as matérias utilizadas no processo são ricas em nutrientes e voltam para a área de produção como biofertilizantes.
O diretor Comercial e de Novos Produtos do Grupo Cocal não comentou sobre possíveis investimentos semelhantes em biometano e biogás nas usinas adquiridas pela companhia em Mato Grosso do Sul.
Há um mês, a Raízen anunciou a venda das usinas Rio Brilhante e Passa Tempo, ambas localizadas no município de Rio Brilhante (MS), por R$ 1,543 bilhão à Cocal.
O processo ainda precisa do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o que freou os comentários do executivo.
Resumo
- Cocal inaugura segunda planta de biometano em Paraguaçu Paulista (SP), após investir R$ 216 milhões; capacidade é de 60 mil m³/dia, metade já contratada.
- Projeto prevê gasoduto de 80 km até Marília (SP), em parceria com a Necta, ampliando experiência iniciada em Narandiba, onde Presidente Prudente é 100% abastecida.
- Além de substituir diesel em 65 caminhões — com economia de 30% — e gerar biofertilizantes, a companhia mira novas matérias-primas e reduzir 2 mi litros de diesel até 2026.