A JBS, gigante mundial do setor de alimentos e proteína, teve novo prejuízo líquido trimestral entre abril e junho, assim como já havia ocorrido nos três primeiros meses deste ano.

O resultado do segundo trimestre de 2023 ficou negativo em R$ 263 milhões. No mesmo período de 2022, a companhia havia registrado lucro líquido de R$ 3,9 bilhões.

Apesar disso, a comparação com os três primeiros meses deste ano mostra uma certa recuperação no cenário, já que as perdas foram bem menores. De janeiro até março, a empresa teve um prejuízo de R$ 1,4 bilhão.

Quando divulgou o prejuízo bilionário do primeiro trimestre, o CEO da empresa, Gilberto Tomazoni, pontuou que a JBS enfrentaria um cenário complicado dado a alta de custos dos insumos, inflação persistente e desequilíbrio entre oferta e demanda, o que pesaria forte nos resultados.

Desta vez, ele disse em mensagem no balanço da empresa, divulgado nesta segunda-feira (14/8), que a JBS inicia agora uma trajetória de recuperação gradual das margens, mesmo com o contexto global desafiador para o setor de proteínas.

“Para os próximos meses, observamos um cenário de maior equilíbrio na oferta de aves, com potencial positivo nos preços do setor, e já estamos captando em nossa estrutura de custos a queda dos preços do milho, condição que também beneficia o negócio de suínos”, disse Tomazoni.

Outro aspecto positivo é que o prejuízo líquido foi menor do que parte do mercado projetava.

A XP esperava um resultado negativo próximo aos R$ 710 milhões, enquanto o Santander previa prejuízo de R$ 289 milhões. Já o BofA projetava um prejuízo de R$ 89 milhões, menor do que o resultado final.

A receita líquida da JBS veio em R$ 89 bilhões no segundo trimestre deste ano, um valor 3% menor que o visto no ano anterior. Quem mais contribuiu com essa arrecadação foi a operação norte-americana da empresa, que teve uma receita de R$ 28,8 bilhões, 6% acima do visto no ano passado.

No Brasil, a Seara foi responsável por R$ 10,3 bilhões desse total, enquanto a Friboi e a Swift somaram R$ 14 bilhões. Ambos os números vieram em linha com o registrado em 2022.

O Ebitda ajustado da JBS, indicador que mede o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação, veio em R$ 4,5 bilhões. O número é 57% menor que no ano anterior, mas duas vezes maior que o visto no primeiro trimestre deste ano.

“Nossas perspectivas mais promissoras ao longo de 2023 começaram a se materializar”, disse o CEO.

No segundo trimestre, a empresa investiu R$ 1,8 bilhão na expansão das operações e distribuiu R$ 2,2 bilhões em dividendos. Ainda assim, manteve sua dívida estável.

Ao final do segundo trimestre de 2023, o endividamento líquido estava em US$ 16,7 bilhões, ligeira alta de 1% em relação ao primeiro trimestre de 2023.

A JBS encerrou o trimestre com R$ 13,5 bilhões em caixa, e nos cálculos da mesma, conta com US$ 3,3 bilhões disponíveis em linhas de crédito rotativas, sendo US$ 2,9 bilhões na JBS USA e US$ 450 milhões na JBS Brasil, algo em torno de R$ 15,9 bilhões.

O CEO garante que essa disponibilidade de caixa, que beira os R$ 30 bilhões, deixa a empresa confortável.

A empresa espera que o pedido de dupla listagem nos Estados Unidos, quando aprovado, consiga agregar mais valor para a JBS.

A companhia anunciou no início de julho que resolveu listar suas ações no mercado americano, e vender BDRs, ou recibos de ações, no Brasil, onde fica a sede e seu principal mercado.

Para analistas, o movimento de listagem dupla tem dois objetivos principais. A companhia busca facilitar o acesso a dinheiro mais barato. A partir do momento em que cumpre todas as regulações do mercado de capitais dos Estados Unidos, a JBS passa a ser tratada, de forma geral, como uma empresa daquele país.

O segundo objetivo envolve o que é classificado como "destravamento" do valor de mercado da JBS. Isso porque, em termos relativos, este valor está muito depreciado quando se compara com os principais concorrentes globais da empresa, inclusive com as concorrentes brasileiras Marfrig e BRF.