Assim como foi na distribuição há alguns anos e tem ocorrido atualmente nas sementeiras, o setor de laboratórios de análise de solo atrai olhares externos.

Nos episódios mais recentes, o fundo Aqua Capital comprou a rede goiana Exata Brasil, em 2023, por valores não revelados. No final do mesmo ano, a Ribersolo e a 3rlab, laboratórios especializados de análises para agricultura e nutrição animal, anunciaram uma fusão.

Há ainda quem tenha despertado interesse de fundos, mas buscou diversificar o modelo de negócios para continuar competitivo nesse meio. É o caso da tradicional paulista IBRA Megalab, que ao invés de abrir mão do controle ou ceder equity, optou por escalar o negócio num modelo de franquias próprias, instaladas estrategicamente nos principais polos agrícolas do País.

A mais nova dessas unidades será aberta dentro de uma cooperativa, a Copasul, localizada em Naviraí (MS), segundo informou com exclusividade ao AgFeed, Armando Parducci, diretor da IBRA Megalab e que hoje comanda a empresa, criada por seu pai no final da década de 1980.

A franquia é a primeira a ser adotada em parceria direta com uma cooperativa. Segundo Parducci, esse modelo deve ser expandido no futuro. “Gostamos muito do modelo cooperativista. Vemos o potencial de continuar essa expansão com atenção especial às cooperativas”, afirma.

O modelo de franquias foi iniciado em 2022 e já conta hoje com uma unidade em Sorriso (MT) e outra em Luís Eduardo Magalhães (BA). As franuias já respondem por 22% do faturamento da empresa. De acordo com Parducci, a receita do IBRA deve encerrar a safra 2024/2025 em R$ 45 milhões.

A carteira de clientes da empresa soma gigantes do agro. Desde players de produção agrícola como SLC, Raízen, Suzano e Klabin até tradings como Cargill e multinacionais como Bayer, Syngenta, Sumitomo, Yara, Mosaic, John Deere, FMC, ICL, Basf e BRF.

Ele estima que a companhia é a maior do setor no País e realiza cerca de 850 mil análises de solo por ano. Parducci calcula que no Brasil são feitas cerca de 9 milhões anualmente.

A companhia atende produtores de culturas como soja, milho, algodão, feijão, citros, cana e café. Com sede em Sumaré (SP), na região de Campinas, a companhia sempre atuou nacionalmente por meio de parcerias, seja com empresas, cooperativas ou consultores regionais.

“Estamos na região de Campinas, o que facilita a integração de novas tecnologias. Porém, a produção agrícola está deslocada desse polo. Montamos um plano de expansão para ter presença física com laboratório nos polos agrícolas e o modelo de franquia tem se mostrado aderente”, explica o diretor.

As franquias oferecem serviços de análise química, física e biológica de solos, integrados a ferramentas de software e tecnologias de ponta. O perfil do franqueado, segundo Parducci, é um profissional já inserido na cadeia agro, com experiências seja em coleta, análise ou recomendação agronômica.

No caso da Copasul, o modelo se ajusta ao ecossistema de cooperados. “O produtor chega na unidade e recebe a assistência técnica para promover o diagnóstico do seu solo. É só chegar com a amostra para fazer a análise”, explicou Parducci.

O pai de Armando, fundador do IBRA, é um dos agrônomos formados na primeira turma do curso da Unesp de Jaboticabal. O aspecto familiar do negócio se mantém até hoje e seu filho está há mais de 25 anos à frente da operação.

Mesmo lá atrás, muito antes da digitalização massiva do agro, a empresa já desenvolvia softwares próprios, que rodavam no primitivo sistema DOS, da Microsoft. “Ele ficou tão bom que aplicamos em parceiros como IAC (Instituto Agronômico de Campinas), a Embrapa e cooperativas como a Cooxupé”.

Armando Parducci acredita que há espaço para crescer nas análises de solo com ou sem o modelo de franquias. Os Estados Unidos, cita ele, fazem algo próximo a 20 milhões de análises de solo por ano, o dobro do montante nacional.

“O nosso solo já é mais pobre, então a demanda é mais eminente na mesma medida que o benefício é maior. Existe esse potencial para dobrarmos o mercado, muito alinhado com novas tecnologias”, conclui.

Embora o foco atual seja expansão via franquias, Parducci já vislumbra outras avenidas de crescimento, alinhadas com demandas crescentes no agro.

“Análises de carbono, integração com inteligência artificial e até novos serviços vinculados à agenda ESG, temas que ganham força junto a fundos, cooperativas e multinacionais”, diz.

Resumo

  • IBRA Megalab, que atua com análises de solo, inaugura nova unidade de franquia em parceria com a Copasul, no Mato Grosso do Sul
  • Com 850 mil análises de solo por ano e previsão de faturamento de R$ 45 milhões nesta safra, empresa é uma das maiores do setor e atende gigantes do agro