A Cosan anunciou nesta sexta-feira, 31 de janeiro, por meio de comunicado ao mercado, que enviou notificações de ofertas de recompra para um total de US$ 900 milhões de senior notes emitidas para vencimento entre 2029 e 2031.

“A decisão da Cosan visa a redução do endividamento na companhia”, informou o documento assinado por Rodrigo Araujo Alves, diretor vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores.

Dos títulos emitidos e passíveis de resgate na operação, US$ 370 milhões tinham vencimento em 20 de setembro de 2029; US$ 330 milhões, em 27 de junho de 2030; e US$ 200 milhões, em 27 de junho de 2031. Na quarta-feira, 29 de janeiro, a empresa informou que resgatará, antecipadamente, US$ 392 milhões em bonds com vencimento em janeiro de 2027.

Somente esta semana a companhia atingiu US$ 1,27 bilhão em ofertas de recompra de dívidas em moeda norte-americana, ou R$ 7,4 bilhões pelo câmbio desta sexta-feira.

Na semana passada, a Cosan informou ter aprovado o programa de resgate antecipado e voluntário de R$ 850 milhões em debêntures emitidas em julho de 2021 a partir de 6 de fevereiro. À época, a companhia emitiu R$ 2 bilhões desses títulos de dívida em três séries.

A empresa não informou se irá resgatar as duas outras séries de debêntures, de R$ 1,25 bilhão no total, cujo prazo de pagamento é em agosto de 2031.

O valor somado nos três resgates anunciados sem considerar a variação do dólar chega a R$ 8,25 bilhões. O dinheiro utilizado para os pagamentos deve vir dos R$ 9,1 bilhões captados pela Cosan com a venda de 4,05% em ações que tinha na Vale.

As operações anunciadas para redução do endividamento ocorrem em um cenário de alta dos juros, o que pressiona o endividamento da Cosan em moeda nacional, mas de queda no dólar, o que alivia o pagamento na conversão para a moeda norte-americana.

Esta semana, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou a Selic em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano, e o ciclo de elevação na taxa básica de juros deve levá-la para até 15% ao ano.

Já o dólar, que chegou ao maior valor nominal em 18 de dezembro, de R$ 6,267, tem uma curva descendente desde então e encerrou a R$ 5,83 nesta sexta-feira.

No balanço mais recente da Cosan, a dívida líquida era de R$ 21,7 bilhões e a bruta de R$ 24,2 bilhões. Com a venda da fatia na Vale, a Cosan reduziria em até 42% esse endividamento.

As ações da empresa, no entanto, operaram em baixa durante a sexta-feira, e encerraram o dia em R$ 7,76, na mínima, queda de 3,36%.

A baixa ocorre na esteira do anúncio da agência de classificação de risco S&P Global de que alterou a perspectiva do rating de crédito da Raízen, da qual a Cosan é sócia, na escala global de estável para negativa.

O rating de emissor da Raizen, no entanto, foi mantido em 'BBB' na escala global e 'brAAA' na Escala Nacional Brasil.