A Cosan resolveu adotar uma forma pouco comum de captar dinheiro no mercado de capitais pelas empresas brasileiras. Uma alternativa “mista” entre as vias mais tradicionais do mercado doméstico, geralmente atreladas à taxa de juros local, e as emissões no exterior, feitas em dólar e com taxas menores.
Neste caso, a companhia vai usar as debêntures, títulos de dívida em reais, que serão corrigidos pela taxa de câmbio PTAX, mais utilizada pelos exportadores e divulgada diariamente pelo Banco Central.
Serão R$ 3,289 bilhões, dos quais o equivalente a US$ 598 milhões, hoje convertidos em quase R$ 3 bilhões, no regime de garantia firme de colocação. Ou seja, cerca de 90% dos títulos já estão com venda garantida para um ou mais grandes investidores.
O restante poderá ser direcionado somente para investidores profissionais. Por isso, a operação terá registro automático na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A análise da emissão ficou com a Anbima, que faz a autorregulação do mercado de capitais.
A companhia afirma que os recursos serão utilizados para “gestão ordinária de seus negócios”.
Além da correção pela taxa de câmbio do BC, os investidores terão como remuneração juros de 7,52% ao ano, bem próximo dos padrões utilizados nas emissões feitas no exterior. A operação não será atrelada ao CDI ou à inflação.
Os papéis vencem em setembro de 2029, ou seja, a emissão tem prazo de quase seis anos. Pelo cronograma da transação, as debêntures serão liquidadas ainda essa semana, na próxima sexta-feira, dia 22. Ou seja, o valor aparecerá no caixa da companhia no balanço do quarto trimestre de 2023.
Em análise publicada hoje pela manhã, a XP reiterou recomendação de compra para as ações do Cosan. No relato, está a conversa que seus analistas tiveram com o CEO Luís Henrique Guimarães, que está deixando o cargo. Será substituído a partir de janeiro por Nelson Gomes. Entre os pontos fortes de 2023 para o grupo Cosan, Guimarães destacou o lançamento bem-sucedido da Raízen, sua subsidiária, do primeiro projeto de etanol de segunda geração em larga escala.