Uma das maiores empresas sucroalcooleiras do país, a São Martinho ficou “mais doce” durante a primeira metade da safra 2023/2024, com a produção de açúcar crescendo duas vezes mais que a de etanol, incluindo também o milho como matéria-prima.

Com a estratégia dando resultado, a companhia resolveu elevar a projeção inicial de investimentos para o período, com mais dinheiro para melhorias operacionais e modernização de suas usinas.

No balanço de produtividade da São Martinho durante o trimestre encerrado em setembro, a produção de açúcar cresceu mais de 12%, batendo a marca de 1,1 milhão de toneladas.

No etanol, a produção cresceu pouco mais de 6,5%, chegando a 800 mil metros cúbicos. E quando se fala de etanol de cana-de-açúcar, houve queda na produção, de 4%. Mas no semestre, houve a adição de 82 mil metros cúbicos de etanol de milho.

Na receita líquida, o açúcar tem uma participação próxima de 55%, tanto no semestre quanto no trimestre. Em três meses, a receita com o produto foi de R$ 840 milhões, de um total de R$ 1,5 bilhão, com crescimento de 48% na comparação com o mesmo período da safra anterior.

No semestre, o açúcar produziu R$ 1,6 bilhão em receitas para a São Martinho, ante o total de R$ 2,9 bilhões, e ritmo de crescimento parecido com o apurado no trimestre.

No etanol, as receitas caíram 36% no trimestre, e acumulam recuo de 49% na safra. a desempenho ruim do etanol, que desde abril conta também com o milho como matéria-prima, fez com que a receita total caísse 3% no trimestre, na comparação anual, e recuasse 12% na safra 2023/2024.

O que mais atingiu a companhia foi a queda das exportações de etanol na safra. No acumulado de seis meses, a queda é de 88% em receitas. E a situação tem piorado, porque no trimestre, o recuo é ainda maior, de 92%.

A São Martinho saiu de R$ 671 milhões em receitas com exportações de etanol em seis meses da safra 22/23 para R$ 80 milhões no período 23/24.

No mercado doméstico, as receitas com etanol ainda apresentam recuo no acumulado, mas se recuperaram no trimestre. Em seis meses, a queda é de 26%. No trimestre, houve alta de 15%.

O açúcar conseguiu compensar parcialmente este cenário sentido no etanol. As exportações representam mais de 90% das receitas que a São Martinho tem com o produto, e as receitas com o mercado externo cresceram 47% no trimestre, e acumulam alta de 50% no total da safra atual.

Em relação à moagem, houve um crescimento de 9,1% no Açúcar Total Recuperável (ATR) da São Martinho no primeiro semestre da safra, já somando a contribuição do milho. Quando se leva em conta somente a cana, o avanço foi de 3,1%.

O volume de cana processada aumentou 4,6%, para 17,5 milhões de toneladas. Destaque para o processamento de cana de terceiros, que cresceu mais de 10%, enquanto que a cana própria, que representa mais de dois terços do total, teve aumento de 1,5% no processamento.

No caso do milho, as receitas no segundo trimestre da safra cresceram quase 11% em relação ao início do período. Mas os custos aumentaram quase 14%, e por isso, a São Martinho ainda apresenta prejuízo com a operação, com Ebitda negativo de R$ 10 milhões.

Mas com a ajuda do açúcar, a empresa conseguiu quase dobrar o lucro trimestral, na comparação com o ano passado, para R$ 418 milhões. No total da safra, o lucro é de R$ 638 milhões, avanço de 47%.

Mais dinheiro para investir

A São Martinho atualizou seu plano de investimentos para a safra 23/24. No total, houve um aumento de 10,5% ante a estimativa inicial, passando de menos de R$ 2,5 bilhões para R$ 2,7 bilhões.

O maior volume, direcionado para manutenção, teve uma leve queda, passando de R$ 2 bilhões para R$ 1,94 bilhão.

Para a linha de Melhoria Operacional, a São Martinho dobrou seu investimento para a safra, passando de R$ 157 milhões para R$ 323 milhões.

O aumento é “decorrente do cronograma de reposição de frota e maquinário agrícola para atender às próximas safras com maior disponibilidade de equipamentos e de cana-de-açúcar”, descreve a companhia.

Para Modernização/Expansão, houve um aumento de 48% na estimativa de investimentos, de R$ 314,5 milhões para R$ 465 milhões.

Nesta linha, está incluso o projeto de biometano na Unidade Santa Cruz, conforme divulgado pela empresa no final de outubro.

Este valor inclui também um projeto inicial de colhedeiras de duas linhas na Unidade São Martinho, e outros projetos menores que apresentam taxa de retorno superior a 18% ao ano, em média, segundo a companhia.