Em muitos casos, as grandes multinacionais do agronegócio conseguem diluir seus riscos por conta da diversificação geográfica ou de produtos. É comum ver regiões que tiveram um ano ou um trimestre melhor compensarem, pelo menos em partes, outras que passaram por momentos mais difíceis.

No caso da Corteva, essa compensação não foi suficiente. A produtora de insumos agrícolas teve um resultado positivo na venda de sementes no primeiro trimestre de 2024, na comparação com o mesmo período de 2023. Mesmo sendo a maior fonte de receitas da companhia, esse desempenho não foi suficiente para cobrir a queda de 20% no faturamento com defensivos.

A receita líquida da Corteva somente com defensivos ficou em US$ 1,7 bilhão entre janeiro e março deste ano, ante R$ 2,2 bilhões no ano anterior.

Entre as regiões de atuação, o melhor desempenho ficou com a Ásia Pacífico, com queda de 2%. No entanto, essa é a região menos relevante do segmento em termos de receitas, com pouco mais de US$ 200 milhões.

Nas regiões mais relevantes, as quedas foram de dois dígitos. Na América do Norte, o recuo nas vendas foi de 30% em um ano. Na região representada pela sigla EMEA (Europa, Oriente Médio e África), a queda foi de 16%.

Na América Latina, que é o terceiro maior mercado da Corteva, a queda na venda de defensivos agrícolas foi de 17%, para pouco mais de US$ 240 milhões no primeiro trimestre.

“A queda tem como base de comparação um forte trimestre no ano passado e o resultado foi impactado pela decisão dos produtores de comprar defensivos em um período mais próximo da janela de aplicação. Os preços caíram 3% com um ambiente mais competitivo na maioria das regiões”, explica a Corteva ao comentar os resultados do segmento.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) operacional de defensivos teve uma queda ainda maior, de quase 50%, passando de US$ 603 milhões em 2023 para US$ 310 milhões esse ano.

Em sementes, as vendas globais subiram 2%, para US$ 2,7 bilhões. Neste segmento, os desempenhos variaram mais de acordo com a região de atuação da Corteva.

A melhora geral nas vendas foi impulsionada pela América do Norte, onde o faturamento da companhia subiu 11% em um ano, para quase US$ 1,5 bilhão, com forte demanda por sementes de milho.

Na América Latina o faturamento da Corteva com sementes no primeiro trimestre de 2024 foi melhor que em 2023, com avanço de 5%, para US$ 271 milhões.

Nas regiões identificadas como EMEA e Ásia Pácifico, houve quedas na receita de 9% e 10%, respectivamente. A companhia afirma que os preços das semestes melhoraram na Europa, Oriente Médio e África, mas os volumes foram prejudicados pelas condições climáticas.

Com o aumento nas vendas, a Corteva conseguiu melhorar em 15% seu Ebitda operacional em sementes, para quase US$ 750 milhões.

No geral, as vendas da Corteva somaram quase US$ 4,5 bilhões no primeiro trimestre de 2024, queda de 8% em relação ao ano passado. O lucro das operações continuadas caiu 38%, para US$ 376 milhões, e o lucro por ação recuou 37%, para US$ 0,53.

Mesmo com os resultados do primeiro trimestre, a companhia decidiu manter as projeções de resultados para o ano de 2024.

A Corteva espera alcançar um faturamento entre US$ 17,4 bilhões e US$ 17,7 bilhões, e se atingir a mediana desse intervalo, terá crescimento de 2% no ano. A expectativa para o Ebitda operacional está entre US$ 3,5 bilhões e US$ 3,7 bilhões, o que representa um crescimento potencial de 6% na mediana.