A companhia de logística do conglomerado Cosan, a Rumo, começou o ano um tanto “sem rumo”, se considerados os principais indicadores reportados no balanço que foi divulgado na noite desta quinta-feira, 8 de abril.

No primeiro trimestre deste ano, a empresa transportou menor quantidade de produtos, faturou menos e, com isso, apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 188 milhões de janeiro a março, uma queda de 48,9% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

O ajuste foi feito para desconsiderar um impairment – termo utilizado para contabilizar uma espécie de correção devido à desvalorização de ativos - de R$ 286 milhões, o que levaria a um prejuízo líquido de R$ 97 milhões.

O montante representa apenas um ajuste contábil, portanto, este impairment não tem efeito no caixa.

No âmbito operacional, foram transportados 16 bilhões de TKUs (toneladas por quilômetro útil), patamar 7,5% menor que a um ano atrás. Desse total, 13 bilhões vieram da Operação Norte, e o restante da Operação Sul.

A empresa cita que houve retração de 2% na Operação Norte e de 33% na Operação Sul. A baixa ainda está relacionada aos eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul, que afetaram a infraestrutura da Malha Sul.

“O crescimento no transporte de produtos industriais, impulsionado pelo ramp up das operações de celulose e bauxita, contribuiu para mitigar parcialmente os efeitos da menor movimentação de produtos agrícolas no período”, disse a empresa, referindo-se principalmente às operações mais ao Norte.

A Rumo cita que no portfólio agrícola, o transporte de grãos foi afetado por uma “menor disponibilidade de produto na primeira metade do trimestre, em função do atraso na colheita da safra de soja”.

No acumulado do trimestre, a receita líquida da Rumo atingiu R$ 2,9 bilhões, uma queda de 5,7% ante aos mesmos meses em 2024.

Mas se a receita caiu só 5,7%, por que o lucro caiu pela metade? Além de menos transporte, a Rumo viu seus custos continuarem elevados. Em termos absolutos, o indicador até caiu 7,8%, e atingiu R$ 1,6 bilhão no trimestre. Acontece que essa baixa se deu principalmente nos custos variáveis, como frete e combustíveis.

Já os custos fixos como manutenção e despesas com pessoal ficaram estáveis, somando R$ 654 milhões. O lucro operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ficou em R$ 1,6 bilhão, em linha com o mesmo trimestre do ano anterior.

O resultado financeiro da empresa, contudo, foi pior, negativo em R$ 768 milhões. O indicador foi pressionado principalmente por aumento no custo da dívida líquida, que em um ano foi de R$ 344 milhões para R$ 530 milhões.

O aumento acompanhou a elevação dos juros na comparação anual e, consequentemente, das taxas dos empréstimos tomados pela Rumo.

A dívida líquida da Rumo encerrou março em R$ 12,6 bilhões, uma alta de 21,2% ante o mesmo mês do ano passado. Em relação ao final de 2024, a dívida subiu R$ 1,6 bilhão (+14%), já que estava em R$ 11 bi em dezembro.

A alavancagem da empresa se manteve estável frente ao quarto trimestre de 2024, em 1,6 vez o Ebitda. No ano passado o indicador estava em 1,7 vez.

Resumo

  • A Rumo apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 188 milhões, queda de 48,9% em um ano
  • Com atraso na colheita da soja, empresa transportou menos produtos agrícolas, e encerrou o trimestre com 16 bilhões de TKUs movimentados
  • No acumulado do trimestre, a receita líquida da Rumo atingiu R$ 2,9 bilhões, uma queda de 5,7% ante aos mesmos meses em 2024